Depois os encontros de presidentes durante o G20, e a visitante de Xi Jinping a Brasília, o terceiro incidente do podcast de política internacional do Brasil de Indumento, O Estrangeiro, abordou o estreitamento da relação mercantil entre Brasil e China, explorando o contexto da transição hegemônica mundial e os 37 novos acordos entre os dois países.
Bárbara Motta, coordenadora do Observatório de Política Exterior do Brasil (OPEB) ressaltou que “[a transição hegemônica] é um momento de bastante instabilidade, mas que abre uma série de brechas. O governo brasiliano está sendo inteligente e precisa continuar sendo para usar esse contexto para destravar coisas que seriam inegociáveis com a China; por exemplo, investimentos com transferência de tecnologia”.
Para Motta, é importante que a diplomacia brasileira continue com uma dinâmica de autonomia, para que a relação mercantil com a China não se traduza em subordinação econômica do lado brasiliano. E essa atitude pode ser vista na decisão do Brasil de não entrar para a novidade Rota da Seda.
“Talvez não entrar na Rota da Seda hoje seja, inclusive, a garantia de uma certa epístola na manga. Para, em um horizonte próximo, a limitado ou médio prazo, o Brasil se fazer valer dessa epístola na manga para estreitar ou conseguir qualquer tipo de combinação mercantil com a China”, explica a pesquisadora.
Outro ponto levantado durante o incidente foi a integração regional e o papel que o Brasil procura desempenhar uma vez que líder regional da América do Sul, e uma vez que a relação pode afetar esta dinâmica. “Acho que é importante o Brasil manter essa autonomia para que a gente não só mantenha uma posição de potência regional, mas que também tenhamos a capacidade de expor não para projetos que não sejam benéficos para o país e/ou para a região e sua integração regional”, complementa Motta.
Transferência tecnológica beneficia o Brasil
No contextura mercantil, durante a visitante de Xi Jinping ao Palácio do Planalto, os dois países firmaram 37 novos acordos nesta semana, que estreitam ainda mais as relações comerciais entre ambos. Isto, adicionando o combinação de máquinas chinesas que vêm para o Brasil, já em curso, uma vez que colheitadeiras, plantadeiras e adubadeiras, entre outras.
“Isso pode beneficiar tanto a industrialização no Brasil, porque os países estão conversando para não só importar as máquinas, mas trazer fábricas para o Brasil, e fabricá-las cá. E também porque essas máquinas diminuem a penosidade do trabalho dos camponeses”, complementou o corresponde do Brasil de Indumento na China, Mauro Ramos.
“Existe muita expectativa de ambos os lados de que isso tenha um potencial cada vez maior, se expanda cada vez mais”, explica Bárbara Motta. “Acho que vai ser esse um dos principais elementos a propiciar o Brasil a dar um salto do ponto de vista da constituição da sua matriz de exportação, a gente exportando produtos de maior valor confederado, seja para a China ou outros países do mundo”.
“Essa transferência de tecnologia é importante não só do ponto de vista das relações do Brasil para fora, mas também do Brasil para dentro. Pensar em outro modo de produção agrícola, outro modo de engajamento com as estruturas econômicas nacionais e internacionais”, explicou a coordenadora do OPEB. Para ela, estes acordos, para o Brasil, são bons para a relação mercantil com a potência asiática para “conseguir, de traje, pensar em estratégias alternativas, que não sejam essas estratégias vigentes, para combater a lazeira”.
O podcast O Estrangeiro é apresentado por Lucas Estanislau e Rodrigo Durão ao vivo toda quinta-feira às 10 horas.
Edição: Rodrigo Durão Coelho