Mais de duas milénio pessoas de três continentes se reúnem a partir desta terça-feira (19), em Niamei, capital do Níger, para a Conferência Internacional de Solidariedade com os povos do Sahel.
Com o tema “Pela unidade anti-imperialista, sossego e amizade entre os povos”, o evento é organizado pela Pan Africanism Today e pela Organização dos Povos da África do Oeste e reúne ativistas, líderes políticos, representantes sindicais e membros de movimentos sociais e comunidades pan-africanas em todo o mundo.
Marcado por dificuldades econômicas e crises de segurança, o Sahel é uma vasta região que abrange cinco países entre o deserto do Saara, no setentrião do continente africano, e a savana do Sudão. Nos últimos anos, esses países têm protagonizado uma vaga de levantes populares e militares contra o neocolonialismo e a influência política e militar francesa na região.
“A Conferência de Niamey vem provar o esteio anti-imperialista ao povo do Sahel. Vem expressar que todos os povos da África Ocidental apoiam esta experiência e trabalharão para que o mesmo seja feito em toda a África Ocidental. É muito importante mostrarmos a nossa solidariedade, isso dará um impulso às lutas de todos os povos”, celebra Philippe Noudjenoume, primeiro secretário do Partido Comunista do Benin (PCB) e uma das lideranças da Organização dos Povos da África Ocidental (OPAO).
Golpes militares e populares
Os golpes militares no Mali, em 2020, em Burkina Faso, em 2022, e no Níger, em 2023, surgiram em meio a protestos em tamanho da população. No Níger, a principal exigência do povo era a expulsão das tropas francesas, que estavam há 10 anos no país sob a suposta missão de combater a presença de grupos jihadistas.
Desde 26 de julho de 2023, com a saída do presidente em treino, Mohamed Bazoum, o país passou a ser comandado pelo comandante da Guarda Presidencial, general Abdourahamane “Omar” Tchiani. Uma das primeiras medidas de Tchiani foi revogar a cooperação militar com a França. Todos os 1500 militares franceses foram retirados do país africano cinco meses em seguida a mudança de governo, em seguida intensa mobilização popular nas ruas.
O novo governo anunciou também o termo da apropriação francesa do urânio do Níger. O país é o sétimo maior produtor mundial do metal e aproximadamente dois terços da eletricidade francesa era alimentada pelo urânio proveniente do campo de Arlit, no setentrião do país.
Segundo o nigerino Aboubakar Alassane, membro do juízo de coordenação da Organização dos Povos da África Ocidental (WAPO), o golpe no Níger expressa um libido de mudança por secção da população.
“Somos um dos mais pobres do planeta, com todos os desastres que se possa imaginar. Mas também somos um país que decidiu tomar o seu tramontana nas próprias mãos a partir de 26 de julho de 2023. Quando o tropa tomou o poder, o povo uniu-se e encontrou no tropa a sua salvação. É por isso que o tropa se manteve no rumo do povo e decidiu que nunca mais estará num caminho que o separe do povo. Hoje, o povo e o tropa estão juntos para encontrar o caminho para a salvação vernáculo”.
Edição: Nathallia Fonseca