Na fronteira com a Argentina, no município de Pérola D’Oeste (PR), na comunidade de Esquina Gaúcha, vive a família De Cézaro. O senhor Élio e a dona Lurdes, cultivam um modo de vida típico da cultivação familiar, com produção diversificada, mão de obra da família e muitas expressões culturais, a exemplo do fogão a lenha na varanda, sítio em que preparam receitas tradicionais e se esquentam nos dias mais frios, enquanto tomam chimarrão e contam causos.
A chuva que chega nas torneiras da moradia desta e outras famílias e no galpão para o consumo dos animais brota em meio as rochas, numa encosta, localizada há murado de 300 metros da residência e é arrodeada por mata nativa. A mina oriundo foi a primeira a ser protegida no sistema solo-cimento, através do Projeto Guardiões das Fontes, desenvolvido pelo Sindicato dos Trabalhadores na Lavra Familiar (Sintraf) de Pérola D’Oeste, em parceria com a Prefeitura – através da Secretaria de Lavra e Meio Envolvente – e pedestal da Pastoral da Ecologia Integral, ligada à igreja católica
Iniciativa é forçoso para prometer a reprodução da biodiversidade e a subsistência de famílias que dependem da terreno para viver. Na cultivação, a garantia de boa colheita está intrinsecamente relacionada à requisito do clima. Quando ocorrem intempéries, uma vez que saraiva, estiagem, geada ou enchente, os prejuízos são certos. Neste caso, a colheita farta, cede lugar às angústias da falta de renda para satisfazer com as obrigações financeiras. Foi assim por duas safras nos últimos quatro anos, quando estiagens prolongadas atingiram a região Sul do Brasil e, por consequência, agricultores do Sudoeste do Paraná também foram prejudicados.
A família De Cézaro faz segmento desse percentual de agricultores com pequena parcela de terreno, uma propriedade da região Sudoeste do Paraná, fruto da luta popular ocorrida em 1957, na Revolta dos Posseiros, uma das principais vitórias políticas contra o latifúndio já identificadas no Brasil.
O senhor Élio tem raízes na comunidade de Esquina Gaúcha, que é composta por aproximadamente 100 famílias. Vive nessa propriedade há 25 anos, tendo herdado segmento da extensão de seu pai e adquirido outra quantia posteriormente.
Atualmente a família produz a maioria dos provisões que consome, uma vez que o feijoeiro, o salame, o torresmo, o queijo, frutas diversas, a mandioca, a músculos de porco, de ovelha, de penosa, de manada, além das hortaliças e outros cultivos. O excedente da produção é comercializado, gerando renda familiar e contribuindo para a segurança e soberania cevar do Brasil.
A manancial da família De Cézaro foi protegida no dia 13 de setembro de 2022 e contou com a presença de estudantes da escola do campo, da comunidade de Esquina Gaúcha. O Senhor Élio conta que nesses dois anos posteriormente a proteção, nunca faltou chuva e a vazão estimada é superior a 20 milénio litros de chuva por dia. Além da opulência “a qualidade mudou 100%, sempre limpa”, conta De Cézaro.
O cultivador familiar também recomenda que todos zelem pela preservação da natureza e alerta que quem enterra as nascentes ou destrói as matas, corre o risco de permanecer sem chuva de minas naturais e na sujeição “de chuva de rua ou de poço artesiano, mas aí tem dispêndio, essa cá não custa zero, vai por conta”, finaliza Hélio.
Paulo Czekalski, coordenador do projeto Guardiões das Fontes, conta que, em 2021, o Sintraf, em conjunto com a Pastoral da Ecologia, realizou o trabalho de proteção de uma manancial e a partir de logo, o debate teve perpetuidade, seguido da elaboração do projeto, pronunciação com o executivo municipal e aprovação do convênio na Câmara de Vereadores. A período inicial foi de levantamento de demandas e diagnóstico das propriedades, tendo grande procura e somando mais de 60 inscrições. “O projeto despertou a procura e a consciência das pessoas”, comenta Czekaslki.
A primeira edição encerra no termo deste ano, com a realização das 60 fontes protegidas. Czekalski afirma que, em fevereiro de 2025, ocorrerá um encontro entre os beneficiários, para dar perpetuidade ao debate e com objetivo de massificar a consciência ambiental. “Temos uma lista de espera com mais de 50 famílias interessadas e acredito que esse número possa passar de 100. O Projeto Guardiões das Fontes preserva as minas naturais de chuva, garante a reprodução da biodiversidade e cumpre um papel importante frente à atual crise climática, por isso esperamos renovar o convênio com a Prefeitura no ano que vem, para viabilizar a perpetuidade deste trabalho”, pontua o coordenador.
Manancial: BdF Paraná
Edição: Ana Carolina Caldas