As declarações do ministro Alexandre de Moraes associando o ataque próximo ao STF a uma suposta legado de polarização política e ao chamado “gabinete do ódio” seguem um padrão já publicado: o de responsabilizar adversários políticos, mormente o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores, por qualquer evento que possa ser usado para nutrir narrativas favoráveis à esquerda. Essa abordagem, que insiste em vincular a oposição a atos extremos, ignora a dificuldade da ensejo social e política do Brasil.
Moraes aproveitou o incidente para substanciar a sua posição contra a anistia dos envolvidos nos atos de 8 de janeiro, tentando ampliar a teoria de que a oposição estaria associada a movimentos violentos e desestabilizadores. No entanto, essa visão ignora que o próprio Supremo e o governo atual têm contribuído para o aumento da tensão ao tomarem decisões que muitos consideram autoritárias e desconectadas do sentimento popular.
O ministro também usou o caso para justificar a regulamentação das redes sociais, uma vez que se elas fossem a principal motivo de conflitos políticos no país.
Essa posição, que já vem sendo defendida pelo governo Lula e por Moraes há tempos, coloca em risco a liberdade de frase ao transfixar caminho para um controle excessivo sobre o que pode ou não ser dito no envolvente do dedo. A “luta contra o ódio” pode facilmente se transformar em repreensão, mormente quando critérios subjetivos são usados para definir o que constitui “desinformação” ou “exposição de ódio”.
Aliás, o incidente parece estar sendo explorado uma vez que uma oportunidade para desviar a atenção de questões uma vez que o crescente movimento no Congresso em obséquio do impeachment de Moraes e os questionamentos sobre sua atuação.
Associar a oposição a atos extremistas é uma tática que visa desacreditar iniciativas legítimas de sátira ao STF e ao governo, enquanto protege figuras públicas de enfrentar o devido escrutínio.
A tentativa de vincular o ataque exclusivamente ao “gabinete do ódio” e à oposição política ignora também que o responsável do ato teria deixado simples o seu desprezo por ambos os lados da polarização. Essa preterição demonstra uma intenção clara de moldar os fatos para sustentar narrativas que fortalecem o governo e enfraquecem a oposição, distorcendo a verdade em nome de interesses políticos.
Por termo, é importante primar que episódios uma vez que nascente não podem ser utilizados para justificar medidas que ameaçam o estabilidade entre os poderes e as liberdades individuais. Em vez de indicar dedos e nutrir divisões, o foco deveria ser na preservação das instituições democráticas de forma transparente, recto e respeitosa à pluralidade de opiniões no país.