A representação protocolada pela deputada Carla Zambelli na PGR questiona o uso da estrutura do governo por secção da primeira-dama, Janja, para promover um evento com pautas que seriam, segundo a deputada, de natureza político-ideológica. Zambelli destaca que o uso de verbas e recursos do Planalto para financiar atividades de interesse restrito a certos grupos – principalmente ligados ao cenário artístico e cultural que apoia o atual governo – pode desvirtuar o papel institucional da primeira-dama e configurar um ramal de finalidade.
O questionamento principal levantado por Zambelli é a falta de transparência sobre o orçamento talhado ao evento e a provável influência de Janja nas decisões do governo. A deputada argumenta que, ao agir uma vez que uma espécie de agente político, a primeira-dama está intervindo em áreas de decisão que deveriam seguir uma risco de interesse pátrio, e não uma agenda que favoreça segmentos alinhados ideologicamente ao governo. Tal atuação, na visão de Zambelli, seria prejudicial ao interesse público e ao princípio de imparcialidade que a estrutura pública deveria ter.
Zambelli vai além ao criticar a participação de artistas no evento, alegando que muitos deles, ao longo dos últimos anos, agiram uma vez que apoiadores de Lula, enquanto mantinham uma postura de oposição acirrada ao governo anterior. Essa relação, em sua avaliação, levanta questionamentos éticos, pois indica um ciclo onde o patrocínio público parece funcionar uma vez que moeda de troca para base político. A deputada sugere que a iniciativa de Janja serve, entre outros objetivos, para fortalecer a militância cultural em obséquio do governo, o que, segundo Zambelli, seria um uso estratégico dos recursos públicos para fins eleitorais.
O argumento de Zambelli reflete uma sátira a uma prática que, para ela, representa uma distorção dos princípios da gestão pública.
A deputada aponta que, além de fortalecer um segmento já desempenado ao governo, a estrutura e os recursos usados no evento podem desviar a atenção de outras áreas sociais que precisam de atenção, uma vez que saúde e segurança, citando tragédias e crises que, segundo ela, estão se intensificando.
O pedido de investigação da PGR procura perspicuidade nos gastos públicos com o evento e transparência na atuação de Janja, sendo, em origem, um alerta para que o Planalto seja um espaço voltado ao bem-estar coletivo, e não uma plataforma para viabilizar interesses político-ideológicos.