Não tem mais uma vez que ignorar. Diferentemente da lazeira e da desigualdade, para as quais os ricos podiam virar a rosto, a crise climática chegou para todos, sem exceção. Ainda atinge de forma mais contundente a parcela mais pobre da população, mas já não pode ser ignorada pelos poderosos. A não ser que o projecto seja habitar Marte ou a Lua — porque a Terreno, se mantivermos esse ritmo de produção e exploração atual, vai se tornar inóspita.
Ninguém no Brasil pode fingir que a crise não existe. A fumaça das queimadas tomou o continente, a seca descaracterizou os rios da Amazônia, o Rio Grande do Sul foi devastado pelas chuvas. É nesse contexto que nosso país recebe, pela primeira vez, a reunião dos líderes das principais economias do mundo: o G20.
E, uma vez que anfitrião, o Brasil vai propor ao conjunto debater o clima, mas também quer tratar da lazeira e de novos modelos de governança que deem aos países do Sul Global mais voz em decisões que afetam a todos. Uma governança que não ignore o genocídio promovido por Israel contra a Palestina, por exemplo.
É cá, no Sul, que está o porvir. Cá estão a chuva de que todos precisam, as florestas que ainda restam, o minério tão cobiçado. O meio do capitalismo está de olho no Sul. Sempre esteve, na verdade. É o imperialismo.
Para que empresas e países mais ricos lucrem, nós vivemos em sociedades extremamente desiguais. Produzimos vitualhas, a cultivação camponesa é prova disso, mas grande segmento das pessoas não pode comprá-los.
Com a crise climática, produzir comida também se tornará um repto maior. Safras comprometidas com as secas, colheitas perdidas com as chuvas, indiferente ou calor extremos. Tudo inseguro para os camponeses, que ainda têm que resistir na disputa por terreno contra mineradoras e gigantes do agronegócio.
Poderíamos estar produzindo e comendo vitualhas saudáveis, bebendo chuva boa, respirando ar puro, mas estamos produzindo commodities para os países ricos. Produzindo lucro e ficando com os rios sujos, o ar poluído, os solos contaminados pelo veneno que eles nos vendem.
Difícil imaginar uma confederação contra a lazeira e pelo clima justamente com esses países, não é? Enquanto isso, fora do mundo dos negócios, em toda segmento do planeta, movimentos populares estão construindo alternativas reais ao capitalismo que ameaço a vida na Terreno. E eles precisam ser ouvidos, no G20, e sempre.
Estamos no Rio de Janeiro para a cobertura do G20 Social e da cúpula de líderes. Também estamos de olho nas atividades paralelas construídas por movimentos populares. Queremos tratar dos dilemas deste mundo, mas também da construção de outros mundos possíveis. Acompanhe nossa produção pelo site, pelas redes sociais, pelo YouTube e por nossos podcasts.
O Brasil de Veste está de olho no que a mídia hegemônica não está. Nosso jornalismo popular tem o compromisso de amplificar as vozes de povos e comunidades capazes de promover mudanças reais neste cenário catastrófico.
Siga conosco pensando outros mundos possíveis. Até breve!
Rodrigo Chagas
Coordenador de Redação
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Edição: Nathallia Fonseca