Em seguida conseguir mais que o número mínimo de assinaturas para a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do término da graduação 6×1 (seis dias de trabalho e um dia de folga), a deputada federalista Erika Hilton (Psol-SP) confirmou reunião com o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, ainda nesta quarta-feira (13), para tratar do matéria.
A deputada é autora da PEC pela redução da jornada, baseada no movimento Vida Além do Trabalho (VAT), e que agora deve principiar a tramitar no Congresso Vernáculo.
Para a tramitação, eram necessárias 171 assinaturas. Com grande mobilização do debate público e manifestações marcadas para a próxima sexta-feira (15), a proposta conseguiu 194 adesões, conforme anunciou a parlamentar mais cedo nas redes sociais.
A PEC é polêmica e divide opiniões. Enquanto ganhou força com o suporte dos trabalhadores, muitos dos quais já tiveram ou seguem a jornada permitida atualmente, há quem diga que a proposta é prejudicial para as empresas e pode impactar a economia.
Segundo Eduardo Lourenço, professor de filosofia do Instituto Federalista de Alagoas (Ifal), diminuir a jornada de trabalho é fundamental para a melhora da saúde mental dos funcionários.
“É muito difícil pensar e sustentar que o trabalhador e a trabalhadora brasileiros conseguem produzir significado para a existência quando eles têm uma jornada de trabalho que é exaustiva e quando o tempo todo estão submetidos a essa jornada que é estressante, que os cansa do ponto de vista físico, mas que, sobretudo, os faz pensar sobre qual é o significado da existência quando o que o sujeito faz é somente produzir riqueza para outros sujeitos”, reflete Lourenço.
O professor falou sobre o matéria durante o jornal Médio do Brasil. Ele elogiou a mobilização popular em torno do progresso da medida e ressaltou que é procedente ser criada uma guerra de ideias entre quem defende e quem é contra a PEC do término da graduação 6×1.
“Essa guerra vai se dar porquê sempre se deu: entre aqueles que detêm o poder e aqueles que querem conseguir viver de forma mais digna, os trabalhadores brasileiros. Agora, eu acho que é importante que o trabalhador olhe, sobretudo, para a concretude da sua vida. Se o trabalhador olhar porquê é que ele tem vivido e qual é a sua situação, do ponto de vista psicológico, físico, do ponto de vista mesmo dessa produção do significado, que foi discutido inicialmente, ele vai perceber que a modificação é necessária”, argumenta.
“Ou a gente se rende a essa lógica do mercado que tem a ver com viver e produzir para o acúmulo do capital, ou a gente aceita que, na verdade, a produção deve estar a serviço da vida. Portanto, acho que é isso que tem que permanecer evidente, e acho que a esquerda precisa usar esse momento para se recitar no sentido de mobilizar a classe trabalhadora, não somente na internet, mas, sobretudo, também levando as pessoas às ruas. Acho que essa é uma faísca que pode produzir muita coisa a partir do que está sendo discutido.”
Manifestações pelo término da graduação 6×1
O que o professor do Ifal defende já é articulado pela sociedade social e políticos de esquerda. As manifestações do próximo dia 15, data da Proclamação da República, foram puxadas pelo vereador eleito do Rio de Janeiro Rick Azevedo (Psol), instituidor do movimento VAT. Ao menos 7 capitais devem receber atos pelo término da graduação 6×1.
“É um proveito para a classe trabalhadora poder se recitar, cobrando esse recta, porque isso está muito desempenado também com a tradição marxista, que tem uma certa compreensão de liberdade, que tem a ver com poder realizar as suas potencialidades. No término das contas, o que está posto é que o sujeito possa, para além da sua vivência de trabalho, da sua atividade laboral, conseguir também exercitar e explorar outras potencialidades que ele tem e que, no contexto atual, não são possíveis de ser exploradas”, observa Lourenço.
Para ele, o momento tem um caráter decisivo ao contribuir para o processo de compra de consciência da classe trabalhadora. “Agora, a coisa não pode parar por cá. O que a gente precisa pensar é quais são as iniciativas que a gente vai ter no meio desse processo para que isso tenha perenidade, e isso tem a ver com esse diálogo feito nas bases, isso tem a ver com a esquerda manter-se na rua e com a esquerda manter-se próxima desse cotidiano. Qual que é a grande vantagem desse projeto? É que ele é um projeto pensado a partir da materialidade da vida da classe trabalhadora.”
“Esse tipo de projeto que sai da concretude do cotidiano, tem essa possibilidade de unir os trabalhadores em torno de si. Eu acho que esse é o caminho: pensar projetos que têm a ver com isso, com essa concretude, com essa materialidade da vida, com esse paisagem econômico da nossa existência”, afirma o professor de Filosofia.
A entrevista completa está disponível na edição desta quarta-feira (13) do Médio do Brasil, no via do Brasil de Indumento no YouTube.
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O Médio do Brasil é uma produção do Brasil de Indumento. O programa é exibido de segunda a sexta-feira, ao vivo, sempre às 13h, pela Rede TVT e por emissoras parceiras.
Edição: Martina Medina