A ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania (MIDH), Macaé Evaristo, se reuniu com a direção vernáculo do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terreno (MST) nesta quinta-feira (17). O encontro, realizado na Escola Vernáculo Florestan Fernandes (ENFF), em Guararema (SP), tratou, entre outros temas, da violência contra defensores de direitos humanos no campo e da urgência do progresso das políticas de reforma agrária.
Evaristo ressaltou a relevância de dialogar com o MST. “É um movimento que está fazendo 40 anos e tem uma tarifa fundamental para o nosso país, que é a luta pelo recta à terreno, pelo recta à moradia, por uma concepção do uso social da terreno. E pensar isso é pensar os direitos humanos”, afirmou ao Brasil de Roupa. “A luta pelo recta à terreno também faz secção de um processo que educa o Brasil”, resumiu.
A agenda entre a ministra e o MST aconteceu horas depois que, no Paraná, indígenas Avá-Guarani foram escopo de ataques de fazendeiros; e menos de uma semana posteriormente o assassínio de dois trabalhadores sem-terra pela Polícia Social do Pará.
A ministra ressaltou que o tema da violência no campo tem destaque na sua agenda. “Desde que entrei no ministério, tivemos casos graves de violência no campo e conversamos sobre essas questões: mecanismos que podemos utilizar e aprofundar para fazer com que as pessoas possam viver no campo com tranquilidade”, disse, ao reportar o Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, Comunicadores e Ambientalistas (PPDDH). O programa atualmente atende 1.245 pessoas, em todos os estados do Brasil.
Educadora de Minas Gerais, Macaé Evaristo tomou posse no termo de setembro posteriormente a exoneração de Silvio Almeida. Ao chegar na ENFF, no meio da tarde, participou do plantio de um Ipê e conversou, em reunião fechada, com alguns dirigentes do MST. Dali, partiu para o plenário, onde participou de um encontro com a direção vernáculo do movimento e falou sobre os desafios da pasta.
“Se a nossa democracia faz com que a nossa luta seja motivo da gente perder a vida, a gente não pode proferir que nós temos democracia plena no nosso país”, declarou Macaé aos militantes sem-terra.
O racismo teve destaque na fala da ministra. “Se criou uma pecha de que quando a gente está falando de direitos humanos, a gente está defendendo bandido. É importante a gente olhar para essa frase e compreender o que é isso na história política e social do nosso país”, seguiu a ministra. “Quem são os primeiros que foram chamados de bandidos nesta terreno, pós anulação da escravatura, quando não teve reforma agrária, quando não teve recta à ensino, quando não teve recta à saúde para a população negra que foi escravizada por mais de 300 anos? Fomos nós, a população negra”, disse Macaé Evaristo.
Ayala Ferreira, da direção do MST, explicou que o encontro com a novidade integrante do superior escalão do Executivo faz secção do “reconhecimento do movimento do papel que ela pode praticar neste atual momento do governo Lula no Ministério dos Direitos Humanos e envolvê-la no que nós consideramos pautas importantes de o ministério assumir”.
“Por exemplo, o tema dos defensores e defensoras de direitos humanos e ambientais, que têm vivido muitas ameaças, e o tema da criminalização, que tem sido recorrente, sobretudo por essa bancada ruralista vinculada à extrema direita”, elencou Ayala.
Edição: Nicolau Soares
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