Em seguida participar de um evento no Palácio do Planalto ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o deputado federalista Otoni de Paula (MDB-RJ) fez duras críticas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), referindo-se a ele uma vez que “terneiro de ouro”.
O parlamentar, que já foi um dos principais apoiadores do bolsonarismo, também se posicionou contra a postura de líderes evangélicos que criticam eleitores do presidente petista.
A enunciação foi feita ao portal O Fuxico Gospel. Durante a entrevista, Otoni relembrou o desentendimento público com a família Bolsonaro, quando ele decidiu estribar a reeleição do prefeito Eduardo Paes (PSD) em vez de Alexandre Ramagem (PL), que disputava a prefeitura do Rio de Janeiro oriente ano.
“O próprio governo Lula nunca me convidou para ser uma ponte, e acho que nunca me convidaria. Mas gostaria, sim, de ser uma ponte. Sabe para quê? Para tirar esse terneiro de ouro que construímos na igreja. Esse terneiro de ouro que nós construímos. Construímos uma veneração a um ser humano, que não é Deus, não é divino. É um político. A igreja do senhor Jesus”, declarou, em referência ao ex-presidente.
O parlamentar também expressou sua insatisfação por ter sido “esculhambado” pelo senador Flávio Bolsonaro (PL), por membros de seu partido e por Ramagem. Ele afirma que o grupo bloqueou suas chances de concorrer no Rio de Janeiro.
“Queriam que eu estivesse com eles ‘porque Deus está com Bolsonaro e o capeta está com Lula’. Não sou garoto nesse nível e não sou retardado mental de descobrir que Deus está com Bolsonaro e o Diabo está com Lula, uma vez que se Deus e o Diabo não tivessem mais o que fazer da vida deles”, afirmou.
Ao falar sobre sua aproximação com Lula, Otoni ressaltou que não pretende atuar uma vez que “ponte” para estreitar a relação entre o PT e os evangélicos, um dos maiores desafios do partido nas últimas eleições.
A participação de Otoni no evento com Lula marcou uma guinada em sua trajetória política, que antes era fortemente alinhada ao meio e à direita. Durante a cerimônia, restrita a poucos convidados no Palácio do Planalto, o deputado orou ao lado do presidente e de outros evangélicos, todos trajando camisetas amarelas com a frase “Jesus transforma”.
O encontro também contou com a presença de integrantes do governo, uma vez que o advogado-geral da União, Jorge Messias, que tem sido um dos principais interlocutores do Planalto junto aos evangélicos, e o ministro das Cidades, Jader Fruto (MDB).
“Não sou ponte nenhuma do PT com a igreja, não sou ponte do Lula com a igreja, mas sou ponte de prece. Essa pugna vou comprar. Aonde eu for, vou manifestar: orem pelo Lula, orem pelo governo. Não sou daqueles que torcem para o avião tombar, só porque não gostam do piloto. Eu estou no avião”, finalizou Otoni de Paula.
Na ocasião, Lula sancionou a lei que institui o Dia da Música Gospel, comemorado em 9 de junho, em uma clara tentativa de se aproximar desse importante grupo de eleitores.
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