Indígenas Avá-Guarani da povoação Y’Hovy, em Guaíra, no oeste do Paraná, sofreram mais um ataque a tiros no final da tarde de domingo (13). Os disparos ocorreram enquanto jovens e crianças jogavam futebol em um campo próximo e foram direcionados também à mansão de uma das lideranças da comunidade. Embora ninguém tenha se ferido, o incidente traz à tona um histórico de violência contra os indígenas da região, que vivem sob ameaço permanente desde julho. À noite, novos tiros e fogos de artifício foram ouvidos.
O ataque começou por volta das 18h, quando uma série de disparos foi ouvida nas proximidades da povoação. Segundo relatos dos próprios indígenas, os tiros pareciam vir de uma arma de grosso calibre, disparada rapidamente. Jovens, crianças e adultos que estavam em um campo de futebol próximo se jogaram no solo para se proteger.
“Foi muito apavorante. Foi a mesma herdade de onde atiraram em nós em agosto, sempre a mesma herdade”, disse uma moradora, ainda emocionada, ao relatar o pavor de que novos ataques possam sobrevir a qualquer momento.
A liderança lugar conta que, depois os disparos, viram homens armados em dois veículos circulando pela superfície da herdade próxima ao território indígena. Mais tarde, os ataques continuaram com explosões de fogos de artifício e novos disparos, gravados em vídeo pelos moradores da povoação.
O ataque foi imediatamente denunciado às autoridades e, durante a noite, a Força Pátrio realizou rondas nas proximidades.
Histórico de violência
Os indígenas da região enfrentam uma escalada de violência desde julho, quando deram início ao movimento de retomada de seu território tradicional, a Terreno Indígena Tekoha Guasu Guavirá, que possui 24 milénio hectares e foi delimitada pela Instalação Pátrio dos Povos Indígenas (Funai) em 2018, mas ainda não foi oficialmente demarcada.
Em agosto, outro ataque violento deixou seis indígenas feridos, sendo quatro deles hospitalizados, dois em estado grave. Segundo o Parecer Indigenista Propagandista (Cimi), os agressores utilizaram espingardas de chumbo, motosserras e proferiram ameaças de degolação contra os moradores da povoação. “Eles falavam que iam trinchar a cabeça da gente com motosserra”, lembrou uma das vítimas.
Apesar das recorrentes denúncias, os ataques não cessaram, e os Avá-Guarani continuam enfrentando ameaças de fazendeiros e seus capangas. “Eu já passei por alguns ataques, mas agora eles não têm mais pavor de mostrar a arma”, desabafou uma das vítimas dos episódios recentes.
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