A aprovação por ampla maioria do economista Gabriel Galípolo para presidir o Banco Mediano, nesta terça-feira (8), revelou uma estranha coincidência entre governo e oposição. Elogiado por senadores bolsonaristas na Percentagem de Assuntos Econômicos (CAE), uma vez que Sérgio Moro (União) e Damares Alves (Republicanos), o nome de Galípolo teve sua aprovação unânime na CAE e levou 66 dos 81 votos no plenário do Senado Federalista.
O economista foi indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no final de agosto. A sabatina e aprovação no Senado é requisito para a assunção ao missão de presidente do BC.
O líder do governo no Senado, senador Jacques Wagner (PT-BA) acredita que a subida adesão ao nome de Galípolo foi viabilizada pela acertada escolha governo ao indicar uma pessoa altamente técnica e com bom trânsito dentro da instituição.
“Eu acho que a escolha foi acertada. É alguém com currículo invejado na espaço, alguém que já foi secretário-executivo na Rancho, já está no BC há um ano e pouco e, uma vez que ele próprio disse, não foi lá para produzir problemas, ao contrário. Votou em conjunto com o presidente atual várias vezes para subir, para manter, para descer [a taxa básica de juros]”, destacou.
Wagner destacou ainda que durante o governo pretérito, de Jair Bolsonaro (PL), a oposição não trabalhou para obstaculizar indicações do presidente, seja para cargos no Banco Mediano ou no Judiciário, pelo que não justificaria uma ação de boicote ao nome de Galípolo para a presidência do BC.
“Pesou a máxima que eu sempre defendi, inclusive dentro do PT, que essa é uma regalia constitucional do presidente da República. Se alguém barra o nome dele, quem é que ia indicar o próximo? O próprio presidente. Eu nunca trabalhei contra nenhuma indicação do presidente anterior”, destacou o líder do governo, que também apontou para um visível sazão democrático das relações entre o parlamento e o Executivo.
O senador Paulo Paim (PT-RS) disse ter boas expectativas em relação ao trabalho de Galípolo adiante do Banco Mediano, e espera que a novidade gestão esteja mais alinhada com o projeto do governo.
“Não tenho nenhuma incerteza que ele vai fazer de tudo para que o Banco Mediano corresponda à expectativa que nós trouxemos, que ele seja um instrumento que colabore para diminuir a inflação, para diminuir a taxa de juros e que, com isso, alavanque ainda mais que o presidente Lula vem fazendo que é o progresso social”, disse o senador.
Em uma rede social, o ministro da Secretaria de Informação Social (Secom), Paulo Pimenta, destacou a aprovação unânime na CAE. “Libido muito sucesso ao novo presidente do Banco Mediano, sancionado hoje por unanimidade pela Percentagem de Assuntos Econômicos do Senado, Gabriel Galípolo”, escreveu.
“Galípolo é um jovem e competente economista, um sopro de renovação ao Bacen, que vai ajudar o Brasil a edificar uma economia mais competitiva”, disse o senador Humberto Costa (PT-PE).
Já o deputado federalista petista Bohn Grass utilizou seu perfil nas redes sociais para mandar um recado ao economista. “Espero que fuja da tese – já amplamente contestada até por economistas liberais – de que mais trabalho e salário geram inflação”, publicou.
Galípolo toma posse uma vez que presidente do Banco Mediano no dia 1º de janeiro, em substituição ao atual presidente, Roberto Campos Neto, que permaneceu no missão nos últimos quatro anos.
Quem é Gabriel Galípolo
Formado pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Galípolo trabalhou em secretarias do governo do estado de São Paulo durante a gestão de José Serra (PSDB), quando também dirigiu a espaço de estruturação de projetos de concessões e parcerias público-privadas (PPPs). Em 2009, deixou a gestão pública e fundou uma empresa de consultoria.
Entre 2017 e 2021 foi presidente do Banco Fator. Depois, virou mentor da Federação da Indústria do Estado de São Paulo (Fiesp) e pesquisador do Meio Brasílico de Relações Internacionais (Cebri). Em 2023, posteriormente a posse de Lula, foi convidado para ser secretário-executivo do Ministério da Rancho, comandado por Fernando Haddad (PT).
Posteriormente um semestre uma vez que número dois da Rancho, foi indicado diretor de política monetária do BC e no final de agosto, o presidente Lula o indicou para a presidência da instituição. Nas últimas reuniões do Juízo de Política Monetária (Copom), Galípolo se alinhou ao atual presidente do BC, Campos Neto, e apoiou o aumento da taxa básica de juros (Selic) no Brasil, contrariando as expectativas do governo.
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