A ministra da Paridade Racial, Anielle Franco, quebrou o silêncio e se pronunciou publicamente pela primeira vez sobre o incidente de assédio sexual que culminou na destituição de Silvio Almeida do Ministério dos Direitos Humanos em 6 de setembro.
Em entrevista publicada pela revista Veja nesta sexta-feira (4), Anielle disse que passou a notar comportamentos inapropriados de Almeida já em dezembro de 2022, na transição de governo. Meses depois, ele teria sitiado fisicamente a ministra durante uma reunião.
A ministra contou que enfrentou a situação por quase dois anos, desde o período de transição do governo, quando ouvia insinuações veladas. Porém, não parou por aí. Conforme Anielle, foram frases embaraçosas, comentários sexistas, convites impertinentes e, por termo, gestos e toques indesejados e não consentidos.
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Anielle disse ter manifestado seu incômodo ao portanto ministro, que se desculpou – mas voltou a sussurrar uma frase desrespeitosa em seu ouvido.
A ministra afirma que as importunações começaram com “atitudes inconvenientes” ainda durante a transição de governo, em 2022.
“Não tínhamos nenhuma relação profissional até a transição do governo, em dezembro de 2022. Ali começaram as atitudes inconvenientes, que foram aumentando ao longo dos meses até chegar à importunação sexual”, afirmou.
Anielle relata ter sido vítima de importunação sexual. Na legislação brasileira, o transgressão caracteriza desde assédios verbais a toques não consentidos.
Questionada sobre o vestimenta de não ter denunciado antes, Anielle diz ter ficado “paralisada” e tentado “focar na missão, no propósito e em toda a responsabilidade” do incumbência de ministra.
“Fico me perguntando o tempo todo por que não reagi na hora, por que não denunciei imediatamente, por que fiquei paralisada. Me culpei muito pela falta de reação imediata, e essas dúvidas ficaram me assombrando”, afirmou a ministra.
“Ficamos com terror do descrédito, dos julgamentos, porquê se o que aconteceu fosse culpa nossa”, contou.
“Por um tempo, quis crer que estava enganada, que não era real, até entender e desabar a ficha sobre o que estava acontecendo. Fiquei sem dormir várias noites”, contou.
“Ninguém se sente à vontade ficando em silêncio em uma situação assim. Mas eu não queria a minha vida exposta e atravessada mais uma vez pela violência. Só queria que aquilo parasse de suceder”, disse.
Anielle disse ter se sentido vulnerável ao ver o caso se tornar público por uma reportagem do portal Metrópoles há quase 1 mês, em 5 de setembro. Anielle foi o principal nome veiculado porquê vítima depois que a organização Me Too Brasil acusou Almeida de comportamento criticável contra outras mulheres, embora sem a reportar. “Fiquei em silêncio porque tudo aquilo era muito violento. Estava atravessada pela forma porquê as notícias saíram e pelo cerco dos jornalistas”, disse. E completou: “Nenhuma vítima, de qualquer tipo de violência que seja, tem a obrigação de se expor, falar quando as pessoas querem que ela fale. As vítimas têm de falar na hora em que elas se sentirem confortáveis”.
Natividade/Créditos: Jornal Brasil
Créditos (Imagem de cobertura): Lula Marques/ Ag. Brasil
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