No segundo conjunto do último debate realizado antes do primeiro vez das eleições municipais, realizado pela TV Orbe na noite desta quinta-feira (3), Guilherme Boulos (Psol) levantou o tema da privatização do serviço funerário em São Paulo e criticou o aumento nos preços dos sepultamentos na cidade.
“Sou contra a licença que o Ricardo Nunes fez dos cemitérios. Se você precisou, infelizmente, enterrar um ente querido, está muito mais dispendioso, mais difícil. Isso é um escândalo. Eu vou revogar isso”, disse o psolista.
Na esteira, José Luiz Datena (PSDB) fez uma pergunta ao atual prefeito e candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB), sobre o tópico. “Antigamente você pagava R$ 800 para enterrar um ente querido. Hoje você paga mais de R$ 4 milénio. Essa é uma ótima oportunidade para você esclarecer a população”, questionou.
Pela primeira vez, Nunes defendeu sua decisão. “Eu fiz um governo liberal, falei cá de reduzir impostos, eliminei taxa. Concessões e PPP [Parceria Público-Privado] é um pouco fundamental”, disse. “Era terrível aquele serviço funerário, uma devassidão danada, os cemitérios abandonados, agências funerárias, todas abandonadas. Com a licença, com as regras estabelecidas, vai permanecer muito melhor. Lógico, tem pouco tempo, tem um prazo pra poder melhorar o que está no contrato”, completou.
Na réplica, Datena continuou no tema. “Não sou contra a licença, desde que a licença seja feita para o muito do povo. Agora, evidente, o aumento do sepultamento na cidade é quase impossível. Porquê é que o faceta vai remunerar R$ 4,3 milénio ganhando o que ganha, ou não ganha, está desempregado, na cidade? E uma vez que é que eles, o consórcio vai lucrar R$ 275 milhões e levou de perdão ainda R$ 12 milhões em caixões, que eram da fábrica da prefeitura? Esses caras só ganharam, só ganharam”, completou.
O aumento dos valores dos serviços funerários na cidade caso foi noticiado pelo Brasil de Indumentária em uma série de reportagens. A primeira, publicada ainda em fevereiro deste ano, mostra que os preços mais baixos para sepultar um familiar vão de R$ 3.250 a R$ 4.613,25, segundo valores de janeiro de 2024, a depender da empresa que oferece o serviço.
Até o início do março do ano pretérito, antes da licença da gestão dos serviços funerários à iniciativa privada, era verosímil remunerar R$ 289,35, segundo dados do Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo (Sindsep), com os seguintes serviços inclusos: caixão, coche para enterro, coche para remoção, enfeite floral, paramentos, mesa de condolência, véu, velas, velório, taxa de sepultamento e fundo impermeável.
Do valor prévio à privatização para a zero mais barata depois dela, há uma diferença de R$ 2.960.65. Isso significa que o valor atual é 11 vezes maior do que o anterior. Por telefone, as empresas informaram que valores mais baratos podem ser obtidos, mas só podem ser acessados fisicamente nas agências funerárias das concessionárias.
Durante sabatina do Brasil de Indumentária, Boulos prometeu fechar o contrato com as cinco empresas que controlam o sistema funerário na capital paulista. “Minha atuação será integralmente para retomar o controle público e finalizar com essa indústria da morte em São Paulo”, afirmou.
Edição: Thalita Pires
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