“É generalidade uma menino desses grupos ciganos ouvir o seguinte: ‘cigano não nasce, estreia’. Porque, via de regra, todo cigano sabe tocar qualquer instrumento, mesmo sem ter pretérito por uma escola, mesmo sem ter aprendido a teoria músico”, afirma o antropólogo e pesquisador Nicolas Ramanush, diretor da Embaixada Cigana no Brasil e um dos personagens do filme.
“Esse documentário, o Terreno de Ciganos, traz para o Brasil a presença do cigano no país e mostra que a valia dele dentro da cultura brasileira não é pequena”, completa Ramanush.
Destaque da edição do Muito Viver, programa do Brasil de Veste, desta semana, o documentário músico acompanha famílias de músicos ciganos em estados uma vez que Alagoas, Minas Gerais e São Paulo.
Roadmovie cigano
“Rodamos o Brasil durante um mês, procurando comunidades que ainda moravam de barraca, que ainda dava para retratar a cultura que mantinha mais essa tradição. Nessa viagem, fui observando que muitos lugares, quase todos, tinha pessoas que cantavam e tocavam violão com muita naturalidade. E aquilo foi me instigando a tornar nascente filme um documentário músico”, explica o diretor do longa, Naji Sidki.
Ao lado do marido, Nicolas, Ingrid Ramanush foi consultora e também personagem do filme. O parelha foi quem ajudou o diretor Naji a encontrar as famílias ciganas ao volta do país. O que mais a emocionou foi a forma uma vez que o documentário retrata a veras da mulher cigana.
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“Isso foi um marco incrível porque nunca foi documentada a leitura de mão feita na rua. E esse é um trabalho de muita resiliência da mulher, porque a mulher cigana é a detentora da cultura. É nossa responsabilidade levar a cultura adiante, levar a cultura para os nossos filhos, para as crianças, enfim, no acampamento, todos são uma vez que se fossem os nossos filhos. E essa resiliência da mulher continua nos dias de hoje”, pontua Ingrid.
“Transpor para a rua para ler a mão é uma coisa incrível, porque na rua elas são xingadas, elas são ofendidas e, mesmo assim, para manter a cultura, elas vão”, completa a artista, que almeja que o filme alcance muitas escolas e educadores.
Ciganos no Brasil
O Brasil é o país que abriga a terceira maior população cigana do mundo, com tapume de 800 milénio pessoas, divididas em três grandes etnias: os Calon, os Rom e os Sinti.
“Existem no Brasil mais ou menos 250 milénio ciganos do grupo Calon. Do nosso grupo, há exclusivamente 100 famílias espalhadas pelo Brasil, ou seja, o que restou do Imolação. Nós somos o que restou do Imolação”, explica Nicolas, cigano do grupo Sinti. “Os ciganos do grupo Calon, com a perdão de Deus, não foram mortos pelos nazistas. Agora, os nossos avós foram praticamente exterminados. Vai ser um privilégio para essas 100 famílias, que estão espalhadas pelo Brasil, ver um membro da nossa etnia participando desse documentário”, celebra.
Também conhecidos uma vez que “povo de etnia cigana”, a presença histórica dos ciganos no Brasil remonta ao período colonial, quando chegaram uma vez que secção das correntes migratórias forçadas e voluntárias. Primeiro a chegar, o grupo Calon estaria no país desde 1549, segundo registros.
“O cigano que nasceu cá, do grupo Calon, ele é um brasílico, isso que é importante que as pessoas entendam. É um brasílico portador de etnia cigana, ele não é um estrangeiro cá, ele não é um invasor, um forasteiro”, completa Nicolas.
Política pública
Em agosto deste ano, o Governo Federalista lançou pela primeira vez uma política diretamente voltada para a população cigana no Brasil: o Projecto Vernáculo de Políticas para Povos Ciganos.
Entre os 10 objetivos instituídos pelo Ministério da Paridade Racial, está o reconhecimento dos territórios e o combate ao anti ciganismo. Para Ingrid, preservar as tradições passa também pela luta contra o ódio disseminado pela extrema direita.
“A extrema direita é muito cruel com os grupos ciganos, não só cá no Brasil, mas principalmente fora, onde os ataques são realmente muito fortes, de queimar casas de ciganos, expulsar, a violência física mesmo. No Brasil, graças a Deus, nós sofremos muito preconceito, mas, na Europa uma vez que um todo, a segregação é grande. Logo, o cigano não tem recta de estudar. Ele não tem recta de ter uma morada decente. O cigano vive em guetos, principalmente no leste da Europa, e, com a subida da extrema direita, isso tem piorado muito, muito a situação de cada um deles”, opina Ramanush.
Terreno de Ciganos teve sua estreia na competição pátrio do 16° Festival Internacional do Documentário Músico, In Edit. O longa é produzido pela Veríssimo Produções e distribuído pela Pandora Filmes.
“Se você governanta a cultura cigana, quer saber mais quem nós somos, quer nos saber, assista ao Terreno de Ciganos. Com certeza você vai ouvir muita música boa, vai saber grupos ciganos e saber da valia da nossa presença cá no Brasil”, convida Ingrid.
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Quando e onde presenciar?
No YouTube do Brasil de Veste todo sábado às 13h30, tem programa inédito. Basta clicar cá.
Na TVT: sábado às 13h30; com reprise domingo às 6h30 e terça-feira às 20h no meato 44.1 – sinal do dedo HD desobstruído na Grande São Paulo e meato 512 NET HD-ABC.
Na TV Brasil (EBC), sexta-feira às 6h30.
Na TVCom Maceió: sábado às 10h30, com reprise domingo às 10h, no meato 12 da NET.
Na TV Floripa: sábado às 13h30, reprises ao longo da programação, no meato 12 da NET.
Na TVU Recife: sábados às 12h30, com reprise terça-feira às 21h, no meato 40 UHF do dedo.
Na TVE Bahia: sábado às 12h30, com reprise quinta-feira às 7h30, no meato 30 (7.1 no aparelho) do sinal do dedo.
Na UnBTV: sextas-feiras às 10h30 e 16h30, em Brasília no Conduto 15 da NET.
TV UFMA Maranhão: quinta-feira às 10h40, no meato desobstruído 16.1, Sky 316, TVN 16 e Evidente 17.
Sintonize
No rádio, o programa Muito Viver vai ao ar de segunda a sexta-feira, das 11h às 12h, com reprise aos domingos, às 10h, na Rádio Brasil Atual. A sintonia é 98,9 FM na Grande São Paulo e 93,3 FM na Baixada Santista.
O programa também é transmitido pela Rádio Brasil de Veste, das 11h às 12h, de segunda a sexta-feira. O programa Muito Viver também está nas plataformas Spotify, Google Podcasts, iTunes, Pocket Casts e Deezer.
Edição: Marina Duarte de Souza
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