O incêndio que atingiu o Parque Pátrio de Brasília desde o último domingo (15) já está controlado. Atualmente, os brigadistas do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) estão na temporada de monitoramento e vigilância, período do combate que precede a extinção.
Nos últimos dias, o próprio órgão divulgou números diferentes, chegando a declarar que 2,4 milénio hectares haviam sido afetados. No entanto, desde quarta-feira (17), os comunicados oficiais passaram a relatar que a extensão atingida é de 1.473 hectares.
Diante dessas mudanças, o Brasil de Vestuário DF questionou a assessoria de notícia do ICMBio, que esclareceu: “Os 2,4 milénio eram exclusivamente uma estimativa. O oferecido de 1.473 foi confirmado por imagens de satélite.”
O momento agora é de os combatentes concluírem o resfriamento da extensão e extinguir os pontos quentes, ou seja, locais ainda com fumaça. Segundo Larissa Diehl, patrão do Parque Pátrio de Brasília e comandante do incidente, essa lanço garante a eliminação dos focos na turfa – classe orgânica do solo que alimenta o chamado queimação subterrâneo –, prevenindo o ressurgimento do incêndio.
O Coronel Pedro Anibal, do Comando Operacional do Corpo de Bombeiros Militar do Região Federalista (CBMDF), explica que os incêndios subterrâneos são complexos, uma vez que não se vê as chamas, exclusivamente a fumaça. “Ele queima por grave na turfa e envolve vários riscos associados, logo, o combate está sendo feito com utilização de material de sapa, ou seja, enxadas, rastelos e motobombas para jogar chuva e resfriar os locais”, diz.
O incêndio só será pronunciado extinto quando não houver mais nenhum ponto de fumaça, explica a patrão da unidade de conservação. Até lá, o Parque estará fechado para visitação.
Combate
Na quinta-feira (18), brigadistas do ICMBio e militares do CBMDF combateram um incêndio que se iniciou próximo ao setor Morada do Sol e ameaçava a Suplente Biológica da Resenha. O queimação foi controlado com o auxílio de áreas de queimas prescritas, medidas de prevenção adotadas pelo ICMBio no primeiro semestre do ano, e que foram efetivas para evitar a expansão das chamas.
Para coibir a ocorrência de novos incêndios, o Parque Pátrio intensificou a fiscalização dentro e fora do Parque. A chefia da unidade ressalta que motivar incêndios florestais é transgressão ambiental e, no caso de unidades de conservação, o infrator pode ser autuado e ser penalizado em 5 milénio reais por hectare. “Esses incêndios são de origem humana, tipicamente criminoso, porque a Lei de Crimes Ambientais já estabelece, desde 1997, que colocar queimação em extensão protegida, uma vez que o Parque Pátrio, é transgressão passível, inclusive, de prisão”, diz Mauro Pires, presidente do ICMBio.
A operação é coordenada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), em parceria com o Corpo de Bombeiros Militar do Região Federalista (CBMDF), Instituto Brasílio do Meio Envolvente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama/ PrevFogo) e Instituto Brasília Ambiental (Ibram).
Pós-incêndio
O Coronel Anibal explica que, em seguida a extinção do incêndio e das chamas, é iniciado o trabalho de resfriamento, rescaldo e de vigilância. “Esse trabalho é para evitar que haja novas reignições porque, em seguida o incêndio, mesmo eles estando debelado, nós temos muitos pontos quentes. Portanto, são muitos materiais incandescentes – brasa, faísca, fagulha – que podem ser lançados a muitos metros de intervalo pelo vento e ocasionar o reinício do incêndio”, explica.
O presidente do ICMBio destaca que, depois que o queimação é extinto, o trabalho de monitoramento é importante para saber o impacto da extensão queimada e conjunto do ecossistema. Nesta temporada, também são realizadas ações voltadas para a regeneração da unidade. “Infelizmente, a regeneração para algumas espécies e alguns lugares demanda muito tempo. Nós tivemos no Parque Pátrio da Chapada dos Veadeiros semana passada e lá nós vimos uma extensão que pegou queimação, em 2017, e que ainda não se recuperou”, informa.
“Sem incerteza que é um prejuízo muito grande e que custa muito numerário. A infraestrutura montada para fazer esse combate é grande, e essa é a segmento que conseguimos mensurar, mas o impacto na biodiversidade, o gás carbônico que foi emitido e contribui para o aquecimento global? E as espécies que nós eventualmente perdermos? Isso realmente é um prejuízo que a gente não tem uma vez que expor o tamanho”, questiona Mauro Pires.
Resgate da fauna
O ICMBio, em parceria com o Zoológico de Brasília, está monitorando as áreas queimadas para atender possíveis casos de animais afetados pelo incêndio. Até o momento, uma anta foi resgatada com as patas queimadas. O másculo jovem, de 73kg, foi levado ao Zoológico de Brasília, onde foi medicado e está em repouso.
O outro bicho resgatado foi um filhote de anta, uma fêmea com 15kg. Porém, levante bicho não tinha sido afetado pelo queimação, mas apresentava graves lesões causadas por cachorros que invadem o Parque Pátrio. O filhote foi levado ao Hospital Veterinário do HUB em estado crítico, com vários machucados e suspeita de pneumonia. Seu quadro de saúde evoluiu, mas ainda necessita de atenção.
Não foram avistados casos de animais com grave peso ou desidratados por conta do queimação. Por levante motivo, conforme informou o órgão ambiental, o Parque não está recolhendo donativos de vitualhas para a fauna.
Natividade: BdF Região Federalista
Edição: Márcia Silva
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