Segundo o “NYTimes”, muitos de seus aliados souberam da decisão 1 minuto antes da divulgação da epístola; Kamala soube no domingo
O presidente dos EUA, Joe Biden (Partido Democrata), 81 anos, disse à maioria de sua equipe que iria desistir de concorrer à reeleição 1 minuto antes de publicar, no domingo (21.jul.2024), a epístola em que anunciava ao mundo a sua decisão. Segundo o jornal New York Times, o roteiro da desistência começou a se desenrolar no sábado (20.jul).
Foi quando Biden ligou para Steve Ricchetti, um de seus conselheiros mais próximos, e pediu que ele e Mike Donilon, estrategista-chefe e redator de discursos de longa data, fossem à mansão onde o democrata está, em Delaware. De lá, os 3 redigiram o texto, que ficou pronto no domingo (21.jul).
Biden está em Delaware desde a semana passada, quando foi diagnosticado com covid-19. Segundo o New York Times, quase ninguém fora da residência sabia o que Biden estava pensando até que ele postou sua enunciação nas redes sociais.
O democrata teria começado a tomar a decisão da desistência no sábado (20.jul), depois de conversar com Cedric Richmond, ex-integrante democrata do Congresso e companheiro de longa data do presidente; Annie Tomasini, vice-chefe de gabinete; e Anthony Bernal, mentor sênior da primeira-dama, Jill Biden.
Depois, fez a relação para Steve Ricchetti. Por volta das 16h do sábado (20.jul), a epístola da desistência começou a ser escrita.
Na manhã de domingo (22.jul), Biden conversou por telefone com a vice-presidente do país, Kamala Harris (Partido Democrata), 59 anos, a quem declarou espeque na corrida eleitoral. O presidente norte-americano também ligou para Jeff Zients, seu director de gabinete, e para Jen O’Malley Dillon, que liderava a sua campanha.
Por chamada de vídeo feita 1 minuto antes de anunciar ao mundo sua decisão, Biden contou da desistência para alguns conselheiros seniores da Morada Branca. Ele leu a epístola e agradeceu à sua equipe pelo serviço prestado. Depois, passou troço do domingo (21.jul) fazendo ligações para líderes do Congresso e outros aliados.
DESISTÊNCIA
Antes do pregão, pessoas próximas a Biden disseram ao New York Times incumbir que o presidente pudesse seguir na disputa, ainda que pudessem sentir que a seriedade do momento estava pesando sobre o director do Executivo norte-americano.
Algumas ações fizeram com que os aliados do presidente pensassem dessa forma. Na 6ª feira (19.jul), por exemplo, Ron Klain, que foi o 1º director de gabinete de Biden na Morada Branca e continuou a orientar o presidente, ligou para o democrata. Ele ouviu do presidente que havia a intenção de continuar na disputa. “Ainda no jogo”, teria afirmado Biden.
Apesar disso, a desistência de Biden já era esperada por muitos analistas e integrantes do Partido Democrata. Desde o fraco desempenho no 1º debate presidencial contra Trump, em 27 de junho, o presidente norte-americano vinha enfrentando crescente pressão de aliados, dentro e fora da legenda, para que desistisse de tentar um 2º procuração na Morada Branca.
O desempenho de Biden no debate foi amplamente criticado, com o presidente dos EUA demonstrando dificuldades em completar pensamentos, gaguejando e se perdendo em diversos momentos.
Desde 30 de junho, ao menos 38 políticos democratas pediram que Biden abandonasse a corrida eleitoral pela Morada Branca. O levantamento é do jornal norte-americano New York Times.
Biden afirmou que o debate foi unicamente “uma noite ruim”. Não convenceu. Viu seu espeque na corrida presidencial estremecer. Foi cobrado por apoiadores uma vez que o ator George Clooney e patrocinadores de campanha –para que repensasse sua permanência no pleito.
Importantes nomes democratas se manifestaram pedindo a retirada da candidatura de Biden, dizendo não incumbir que ele conseguiria derrotar o republicano nas urnas.
Líderes democratas no Congresso, uma vez que Hakeem Jeffries (Democrata), líder da minoria na Câmara, e Charles Schumer (Democrata), líder da maioria no Senado, conversaram diretamente com Biden na última semana. Eles alertaram sobre as preocupações generalizadas de que sua candidatura poderia prejudicar as chances de controle democrata de qualquer Morada Legislativa no próximo ano.
Os deslizes do presidente norte-americano têm se tornado cada vez mais frequentes. Em 11 de julho, Biden cometeu mais duas gafes, uma em sequência da outra: 1º) chamou o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, de “Putin” e 2º) confundiu a vice-presidente Kamala Harris com Trump. A internet ferveu com memes.
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PRÓXIMOS PASSOS
Com a desistência de Biden, os 3.896 delegados democratas que se comprometeram com o director do Executivo nas primárias partidárias podem seguir o libido do presidente. Mas, pela regra, não são obrigados. O presidente norte-americano declarou espeque à sua vice, Kamala Harris.
O Partido Democrata tem 3 rotas possíveis para substituir Biden na corrida eleitoral:
A 1ª delas seria conseguir unanimidade em torno da candidatura de Kamala. A Convenção Vernáculo Democrata será realizada de 19 a 22 de agosto de 2024, em Chicago. O partido, porém, havia planejado de forma fabuloso uma votação virtual na 1ª semana de agosto para nomear oficialmente Biden.
Essa votação on-line pode ser adiada ou cancelada, mas, se os líderes democratas conseguirem unidade entre os delegados, a vice-presidente pode ser oficializada uma vez que candidata.
A 2ª rota seria formar unidade em torno de um outro candidato. Para isso, os democratas poderiam realizar debates entre os que vierem a manifestar interesse pela indicação. O tempo pequeno, porém, é um empecilho a esse cenário. Uma votação virtual uma vez que essa não é universal nos Estados Unidos.
Sem a votação virtual, a decisão do partido ficaria para a convenção –a 3ª rota disponível. Esse cenário abre a possibilidade de uma convenção “ensejo”, ou seja, quando nenhum candidato chega com uma maioria clara de delegados, um pouco que não ocorre com os democratas há 56 anos.
Leia mais sobre o material nesta reportagem do Poder360.
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