O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Médio (BC) decide nesta quarta-feira (18) o patamar da taxa básica de juros da economia pátrio, a Selic. A taxa está em 10,5% ao ano desde maio e, segundo economistas ligados a bancos, deve subir 0,25 ponto percentual neste mês. Isso, apesar da inflação no país ter recuado em agosto.
A previsão dos bancos está registrada na última edição do Boletim Focus, divulgada na segunda-feira (16) pelo próprio BC. O boletim é elaborado semanalmente com base em expectativas enviadas por instituições financeiras sobre indicadores econômicos.
Há duas semanas, os economistas de bancos estimam que a Selic vá fechar 2024 em 11,25% ao ano – 0,75 ponto supra do atual patamar. Segmento dessa elevação é explicada por um temor de que a inflação no país cresça, em segmento, por conta dos efeitos das secas.
A eventual subida da Selic ajudaria a sofrear o aumento de preços.
Dados do Instituto Brasiliano de Geografia e Estatística (IBGE) mostram, porém, que o Brasil na verdade registrou uma queda generalizada de preços em agosto. O Índice de Preço ao Consumidor Grande (IPCA) acumula subida de 4,24% nos últimos 12 meses – está, portanto, dentro da meta estabelecida para 2024, de até 4,5%.
Aliás, a valorização do dólar arrefeceu nos últimos dias. A cotação da moeda dos Estados Unidos tende a desabar ainda mais caso os juros da economia de lá caiam nesta semana, porquê preveem quase todos os economistas.
Apesar do cenário com bons índices, a subida da Selic é mesmo esperada. “Infelizmente, a expectativa é de confirmação do aumento de 0,25 ponto na Selic”, confirmou Weslley Cantelmo, economista e presidente do Instituto Economias e Planejamento. “Há uma pressão grande do mercado para aumento por conta do temor pela inflação.”
“A nossa previsão é que o Banco Médio aumente a Selic em 0,25 ponto”, ratificou Miguel de Oliveira, economista e diretor-executivo da Associação Vernáculo dos Executivos de Finanças (Anefac).
Prós e contras
Oliveira confirmou que há dados positivos sobre a economia que poderiam sustentar pelo menos uma manutenção dos juros. Para ele, todavia, o BC tende a considerar os riscos de não subir a Selic para tomar uma decisão.
“Temos alguns fatores que pressionam a inflação, e vão continuar pressionando: as queimadas e uma menor safra, por exemplo”, afirmou. “A força elétrica vai subir mais potente nos próximos meses por queda da quantidade de chuva.”
Pedro Faria, também economista, confirma a tendência de aumento de preços por conta da seca e até de elevação da Selic já nesta reunião. Ele ressalta que a elevação dos juros não é a melhor forma de sofrear a inflação neste caso, já que a demanda da população por vitualhas e por força elétrica vai desabar caso o preço suba.
“A meta de inflação pode ser ser estourada porque nós tivemos choques de oferta, mas o BC não tem que reagir com aumento de juros. Tem que comportar que não é da conhecimento dele sofrear esses choques dentro de um manifesto limite. Eles precisam ser contidos de outras formas”, disse.
“A maior segmento da pressão inflacionária está em coisas que não podem ser afetadas pela taxa básica de juros”, ratificou Cantelmo.
Pressão por subida
Cantelmo disse que a redução da taxa básica de juros é necessária para a economia pátrio. Sua queda favorece o investimento para o proveito de produtividade no país.
Ele reconhece que existe no Brasil uma pressão vinda do mercado financeiro para manutenção da Selic num cumeeira patamar. Isso garante ganhos sem riscos a investidores que têm recursos disponíveis para empregar em bancos.
“O mercado não quer perder seu proveito e, por isso, a pressão pela subida dos juros”, disse ele.
Edição: Thalita Pires
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