O noticiário paulistano despertou, nesta segunda-feira (16), quase monotemático. A cadeirada de José Luiz Datena (PSDB) em Pablo Marçal (PRTB) no debate eleitoral da TV Cultura, na noite deste domingo (15), rende e renderá manchetes, além de desdobramentos que podem influenciar o resultado das eleições em São Paulo (SP).
Candidato da extrema direita, Pablo Marçal chegou ao debate precisando produzir fatos novos, depois ver sua subida interrompida e brotar estagnado nas pesquisa eleitorais das últimas duas semanas. O formato imposto pela TV Cultura, de perguntas e respostas rápidas, prejudicava o estilo do coach.
Outrossim, o sorteio de perguntas o colocou sempre contra Datena ou Marina Helena (Novo), aliada de primeira ordem na eleição de São Paulo, que durante o debate traiu Marçal e o abandonou ainda mais no quina do estúdio.
Para fugir do ostracismo, Marçal empurrou sua metralhadora giratória para Datena, que sucumbiu às provocações e arremessou a cadeira contra a cabeça do coach. Para a observador política Vera Chaia, a reação do tucano era previsível.
“O Marçal entrou para desestruturar o debate e as candidaturas. Ele veio para impor uma dinâmica de atuação, que funciona nas redes dele, para dentro da eleição. É uma postura de complementação ao bolsonarismo e ele tem irritado a todos, pois não permite o debate sobre política, ele interdita esse debate. O Datena já quase o tinha agredido em outro debate e o Boulos quase deu um tapa no Marçal”, explicou Chaia.
“O Datena tem sido provocado em vários momentos, desde o início da eleição”, explica a observador política. “É um acúmulo de desaforos e irritação que levaram o Datena a estourar. Verdade seja dita, tenho visto uma reação de tolerância na opinião pública com o gesto do Datena, entendendo seu gesto”, finaliza.
A cadeirada de Datena em Marçal veio depois o coach relembrar um caso, já encerrado na Justiça, em que o tucano foi indiciado de assédio sexual. Rudá Ricci, observador político, lamentou o incidente, mas disse que o candidato do PRTB está conectado com o que o eleitorado tem esperado da eleição.
“É uma minoria dos brasileiros que quer ver propostas, porque a maioria acha que os políticos são safados, logo eles querem ver circo. Outrossim, a juventude quer esse espírito provocativo e o campo progressista não está prestes para isso”, argumenta Ricci.
Para o perito, a tática do coach é uma novidade que deverá ser permanente na política e não pode ser interrompida.
“É evidente que existe uma leitura cuidadosa dos tribunais com o terreno político. Eles não querem interferir e acirrar ainda mais os ânimos. A verdade é que o mundo mudou e a política junto, o Marçal é a novidade e os progressistas ainda não aprenderam a mourejar com isso. Vivemos um tempo muito ruim, mas precisamos aprender a mourejar com ele”, finaliza Ricci.
Edição: Thalita Pires
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