O Peru se despediu nesta quinta-feira (12) de Alberto Fujimori, ex-presidente que marcou as últimas três décadas da política do país sob a sombra das violações dos direitos humanos, devassidão e repressão aos movimentos populares, sindicais e camponeses.
“Fujimori está morto, mas suas ideias não, precisamos seguir combatendo.O fujimorismo continua governando o Peru com outros rostos”, aponta o educador popular peruviano Raúl Alberto Chirinos Ponce, da Rede de Docentes da América Latina.
Em julho, Keiko Fujimori, filha do ex-ditador, insinuou que seu pai seria candidato às eleições gerais de 2026, em seguida ter sido libertado da prisão em dezembro através de um perdão humanitário quando cumpria uma pena de 25 anos por devassidão e por violações de direitos humanos nos massacres de Barrios Altos (1991) e La Cantuta (1992), nos quais os militares mataram tapume de 20 pessoas. Ele passou 16 anos recluso.
Há pelo menos 30 partidos políticos registrados para a eleição de 2026 no Peru e a Fujimori filha tenta restabelecer o seu partido uma vez que a força dominante na direita. Keiko tentou a presidência do país em três ocasiões diferentes e perdeu todas.
A maioria das candidaturas, aponta Ponce, são de fujimoristas ideológicos de direita e os setores progressistas do país devem apresentar somente duas candidaturas.
“O sindicato de professores peruanos com consciência de classe definirá mais uma vez, uma vez que em 2021, o segundo vez contra a candidata fujimorista de traço dura Keiko. Se Vladimir Cerron, treinado em Cuba, conseguir evadir da perseguição política, teremos mais uma vez a oportunidade eleitoral de vencer as eleições, agora que aprendemos com o governo fracassado de Pedro Castillo.”
Eleito em 2021, o ex-presidente de esquerda Pedro Castillo, do partido Peru Livre, foi cassado e recluso em 2022 em seguida tentativa de autogolpe, na qual chegou a ordenar a rescisão do Congresso. Quem assumiu o governo foi sua vice, Dina Boluarte, para um procuração que vai até 2026. “A vitória do partido Peru Livre, de ideologia marxista leninista, em 2021, foi um evento histórico com o qual nós, forças progressistas, não soubemos uma vez que mourejar”, avalia Ponce.
Legado maldita
Ponce destaca que o protótipo econômico implementado no país durante a ditadura Fujimori resultou na exoneração em volume de funcionários públicos, no fechamento de fábricas, no homicídio e a perseguição de sindicalistas, além da “compra de jornalistas e linhas editoriais da TV, rádio e prensa escrita.” “Fujimori representa o protótipo econômico imperialista que nos vê uma vez que provedores de matérias primas e reprime o povo.”
Durante o regime ditatorial, partidos políticos tradicionais foram dissolvidos e o Serviço de Lucidez, sob o comando de Vladimiro Montesinos, assumiu o controle do Judiciário e do Ministério Público do país. “O Partido Comunista do Peru foi derrotado militarmente com o espeque das patrulhas de camponeses e, nas áreas urbanas, foram criados comandos paramilitares para trucidar presos políticos e líderes sindicais nas prisões.”
Em um dos inúmeros processos que respondia na Justiça peruana, Fujimori foi criminado pelo projecto de esterilização forçada de 350 milénio mulheres e 25 milénio homens camponeses e indígenas, prática prevista pelo Programa Pátrio de Planejamento Familiar. Além do ex-presidente, também foram acusados três ex-ministros da Saúde: Eduardo Yong Motta, Marino Costa Bauer e Alejandro Aguinaga.
Edição: Rodrigo Durão Coelho
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