O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse na segunda-feira (9) que conduziu “pessoalmente” a negociação para o candidato da oposição Edmundo González deixar o país —e se negou a revelar detalhes, sob a argumento de “sigilo de estado”.
Conduzi esse processo coletivamente com uma equipe, mas pessoalmente também. Tenho termo para satisfazer os acordos e também para zelar os segredos. Me reservo ao recta constitucional do sigilo de estado”, disse Maduro em um programa da TV estatal venezuelana..
González foi o candidato de oposição nas eleições da Venezuela de 28 de julho. Ele disse ter vencido as eleições, com base numa enumeração de comprovantes de urna publicado num site, com base em 80% das atas de urna da Venezuela. O candidato era investigado pelo MP pela publicação das atas eleitorais coletadas pela oposição.
Publicidade
Maduro foi decretado vencedor pela Percentagem Vernáculo Eleitoral (CNE), mas divulgou as atas até o momento. O Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), que ratificou a vitória do presidente, proibiu a publicação dos documentos. Tanto o CNE quanto o TSJ são alinhados a Maduro.
González deixou a Venezuela em uma avião da Força Aérea espanhola, que pousou no domingo (8) na Base Aérea de Torrejón de Ardoz, nos periferia de Madri. O ex-diplomata recebeu asilo político do país europeu em seguida ter tido a prisão decretada.
Em um enviado, Edmundo González disse que optou refugiar-se na Espanha, onde já recebeu asilo político, para evitar “um conflito de dor e sofrimento”. Ele se disse ainda disposto ao diálogo com o governo Maduro.
No programa na TV estatal venezuelana, Maduro comparou o impasse com a oposição, encabeçada por González e por María Corina Machado, com um jogo de xadrez, e disse que “o jogo se deu em exigência de paridade”.
“Jogamos limpo e ganhamos limpo. Ganhamos no sentido da silêncio do país. Hoje o país está tranquilo e aplaude o que aconteceu”, disse o presidente, que foi aplaudido pelos presentes.
Maduro responsabilizava os opositores pelas manifestações que tomaram as ruas da Venezuela em seguida a eleição, que deixou dezenas de mortos e gerou diversas prisões. Segundo o presidente, com a ida de González à Espanha, os desejos do opositor de “silêncio e simetria para o país” serão respeitados e que “a silêncio reinará supra de tudo”.
O ditador venezuelano também disse que “respeita” a decisão tomada por Edmundo González de deixar a Venezuela. “Todo o meu saudação pela decisão que tomou. Posso proferir ao mensageiro González Urrutia, com quem tenho entrado em choque desde 29 de julho, que entendo o passo que ele deu e o saudação”, afirmou Maduro. Em tom de despedida, o governante desejou ao opositor tudo de bom “em sua novidade vida”.
A viagem de González à Espanha foi feita com autorização do governo venezuelano, segundo a vice-presidente do país. A saída do candidato gerou críticas, entre a oposição, de que a saída de González pode enfraquecer o movimento— os opositores afirmam ter vencido as eleições, apesar de a Justiça eleitoral ter pronunciado vitória de Maduro. As atas eleitorais, espécies de boletins de urna, não foram divulgadas pelo governo.
Candidato de oposição que enfrentou Maduro nas urnas em 28 de julho, Edmundo González tinha um mandado de prisão contra ele a pedido do Ministério Público do país –alinhado ao chavismo. O pedido de prisão foi feito porque o candidato não compareceu a convocações do MP para dar prova em investigação do órgão contra ele –havia o temor de que ele fosse recluso caso se apresentasse.
Manancial/Créditos: G1
Créditos (Imagem de revestimento): Foto: Gabriela Oraa /AFP; Leonardo Fernandez Viloria/Reuters
Discussion about this post