Desde que se tornou cândido de uma denúncia coletiva de assédio sexual, na noite da última quinta-feira (5), o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, se manifestou duas vezes e, em ambas, negou que as acusações sejam verdadeiras.
Na primeira, em nota solene emitida pelo Ministério dos Direitos Humanos, ainda na noite de quinta, Almeida citou a família. “Repudio com absoluta veemência as mentiras que estão sendo assacadas contra mim. Repudio tais acusações com a força do paixão e do saudação que tenho pela minha esposa e pela minha namorada filha de 1 ano de idade, em meio à luta que travo, diariamente, em obséquio dos direitos humanos e da cidadania neste país.”
Ainda na nota, o ministro pediu que as acusações, ainda guardadas sob sigilo, se tornem públicas. “Toda e qualquer denúncia deve ser investigada com todo o rigor da lei, mas para tanto é preciso que os fatos sejam expostos para serem apurados e processados. E não unicamente baseados em mentiras, sem provas.”
O ministro dá sinais de uma das linhas de sua resguardo, que é alertar para uma campanha que tem em seu objetivo final derrubá-lo do incumbência de ministro dos Direitos Humanos, posto que ocupa desde o início da gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“De convenção com movimentos recentes, fica evidente que há uma campanha para afetar a minha imagem enquanto varão preto em posição de destaque no Poder Público, mas estas não terão sucesso. Isso comprova o caráter insignificante e vil de setores sociais comprometidos com o delonga, a peta e a tentativa de silenciar a voz do povo brasiliano, independentemente de visões partidárias”, concluiu o ministro.
Poucos minutos depois a divulgação da nota, Almeida publicou um vídeo em suas redes sociais, no qual manteve o tom, em exposição semelhante ao da nota solene, que pede a exposição das denúncias. “Toda e qualquer denúncia deve ter materialidade. Entretanto, o que percebo são ilações absurdas com o único intuito de me prejudicar, extinguir nossas lutas e histórias, e bloquear o nosso horizonte”, disse o ministro.
Denúncia contra ONG
A denúncia coletiva foi organizada e confirmada pela ONG Me Too, que afirmou fornecer suporte psicológico e jurídico. “Vítimas de violência sexual, principalmente quando os agressores são figuras poderosas ou influentes, frequentemente enfrentam obstáculos para obter suporte e ter suas vozes ouvidas. Devido a isso, o Me Too Brasil desempenha um papel crucial ao oferecer suporte incondicional às vítimas, mesmo que isso envolva enfrentar grandes forças e influências associadas ao poder do culpado”, explicou a entidade.
O Ministério dos Direitos Humanos divulgou uma nota, também na noite de quinta-feira, em que diz que a organização Me Too teria tentado interferir indevidamente em uma licitação do órgão, em 2023, para o “Disque 100”, meato de denúncias para violação de direitos humanos.
“Em apuração do superfaturamento, fez-se revisão do gravura da contratação, ocasionando redução suculento, passando de aproximadamente R$ 80 milhões para em torno de R$ 56 milhões de contratação anual”, afirmou o ministério, em nota.
Em outro trecho, o ministério aponta que “há outras circunstâncias a serem apuradas, com seriedade, para coibir abusos, confirmar a responsabilização de quem faz uso indevido da justiça e que possam envolver interesses escusos em torno dos recursos da gestão pública. Mais do que isso, explicitam um modus operandi, com denúncias anônimas, infundadas e sem materialidade, sobre temáticas de assédio, que se repetem no cenário posto.”
Edição: Nathallia Fonseca
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