A fisioterapeuta Deyse Faria, de 42 anos, conta que conheceu Santos em 2021, por recomendação de uma amiga. “Ela me disse que ele era bom, mas que estavam rolando algumas reclamações sobre as cirurgias dele”, afirma. A decisão de fazer a cirurgia foi influenciada pelo atendimento “cativante” do médico, além do preço alcançável, conforme relata.
Em 2022, ela fez uma mastopexia com implantação de prótese nos seios e uma abdominoplastia. Logo em seguida o retorno, foi informada de que tinha um coágulo no seio. O médico indicou uma “reorganização de peito”, mas ela relata que a veras foi muito dissemelhante. “Ele não me explicou recta. Quando fui para a cirurgia, tive uma paragem cardíaca e fui ressuscitada pelo anestesista. A operação aconteceu em um sítio que não tinha UTI, sem estrutura para a cirurgia. Voltei para morada com anemia profunda”.
Ela precisou de cuidados médicos adicionais e conta que ficou com feridas abertas por meses porque os pontos necrosaram. “Foi o médico da minha família que me ajudou, limpando as feridas, porque o doutor Josias não fez zero.” Durante todo o processo, a paciente afirma que se sentiu ignorada e desorientada. “Ele dizia que tudo estava bonito, mas minha saúde só piorava.”
A fisioterapeuta relata que ficou com uma “grande cicatriz” e que o dispêndio do pós-operatório totalizou R$ 60 milénio, verba que a família não tinha. “Meu marido e eu tivemos que fazer sacrifícios para remunerar. Quando eu enviava exames [ao Josias], [ele] dizia que estava tudo muito, mas meu médico dizia o contrário.”
Ela, no entanto, teve seus processos arquivados. “O prazo para a ação criminal caducou, e o Cremesp não encontrou provas suficientes. Mas eu não vou desistir de ter justiça porque o que mais quero é que ele pare de fazer o que fez comigo e com tantas outras mulheres. Isso marcou minha vida para sempre e ainda trato meus traumas”.
O quer diz o Cremesp
Em nota, o Cremesp informou que está investigando o caso e que as apurações continuam sob sigilo, conforme determinado pela legislação. A instituição também ressaltou que o Cremesp e o Judiciário são instâncias distintas, e nem sempre compartilham as mesmas denúncias ou processos.
“Em relação ao Cremesp, todas as denúncias recebidas pela autonomia são avaliadas individualmente, respeitando as particularidades de cada caso, e apuradas de conformidade com o Código de Processos Ético-Profissionais e com o Código de Moral Médica do CFM. Em caso de indícios de eventuais infrações éticas, as apurações evoluem para um processo ético-profissional. Os detalhes desta e de eventuais outras apurações tramitam sob sigilo”, acrescentou.
Resguardo nega acusações
Em nota, o jurisconsulto Lairon Joe Alves Pereira, que representa o médico, afirmou que o cirurgião atuava porquê prestador de serviços para a clínica onde ocorreu o procedimento de Paloma e que a paciente havia pretérito por consultas pré-operatórias via telemedicina, com exames que não indicaram impedimentos para a cirurgia.
Segundo a resguardo, o procedimento transcorreu sem complicações, mas a paciente apresentou dificuldades respiratórias no pós-operatório, evoluindo para uma paragem cardiorrespiratória. Medidas de reanimação foram realizadas, e Paloma foi transferida com vida para um hospital maior, onde sofreu uma segunda paragem e não resistiu. A equipe médica afirma ter agido adequadamente e que colaborará com as investigações.
O jurisconsulto também afirma que a embolia pulmonar, apontada porquê provável pretexto da paragem cardiorrespiratória da paciente, é uma complicação reconhecida na literatura médica, principalmente em procedimentos cirúrgicos porquê o realizado, e alega que Paloma foi previamente informada sobre os riscos, com registro no termo de consentimento assinado.
Sobre as outras acusações contra o médico, Pereira diz que Santos não possui condenações na esfera penal ou administrativa (CRM) por erro médico em seus 25 anos de curso. Ele alega que a maior segmento dos inquéritos e processos teria sido arquivada, seja por falta de provas de erro técnico, receita ou peroração de perícias em prol do médico.
A resguardo ainda afirma que ações civis podem ocorrer por falhas em termos de consentimento informado, mas que isso não configura erro médico, e alega que o jurisconsulto José Beraldo estaria promovendo uma campanha difamatória contra o médico, com objetivos mercantilistas, ao simbolizar pacientes e conceder entrevistas que prometem altas indenizações. Segundo o jurisconsulto, essa conduta teria sido levada ao Tribunal de Moral e Disciplina da OAB-SP, aguardando julgamento.