Semanas depois o rompimento da barragem do Parque Municipal Quinta Lagoa do Nascido, no bairro Itapoã, na região Setentrião de Belo Horizonte, a prefeitura, responsável pela gestão do espaço, alega que ainda não conseguiu constatar as causas nem os impactos do evento, que aconteceu na quarta-feira (13), quando a capital enfrentou uma potente chuva.
Estima-se que pelo menos 4 milénio metros quadrados de material sólido atingiram a extensão de preservação permanente. Ou por outra, mais de 600 animais precisaram ser resgatados e transferidos para unidades do Instituto Brasílio do Meio Envolvente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Ao todo, houve a vazão de 60 milhões de litros de chuva, causando impacto na região do entorno do parque e o seu fechamento por tempo indeterminado.
O Brasil de Roupa MG perguntou à prefeitura se já existem respostas sobre o que provocou o rompimento, se houve negligência por segmento de qualquer órgão, quais foram os impactos e se há perspectiva e prazos para a reorganização do parque.
A PBH disse que não há previsão de reabertura do espaço e que ainda está na primeira lanço de “descomissionamento do barramento, estabilização das margens, tratamento do via do riacho e desassoreamento e estudo dos locais atingidos”.
A prefeitura não respondeu sobre os prazos para a reabertura nem sobre os impactos do rompimento, mas afirmou que as causas “estão sendo investigadas pelos órgãos responsáveis, inclusive com o acionamento de Consultor Perito Independente”.
Por meio do Núcleo de Emergência Ambiental (NEA), o Governo de Minas Gerais multou a PBH por danos ambientais e pela interdição totalidade de vias públicas em quase R$70 milénio.
Impactos
Segundo especialistas, o rompimento, que causou o enchente de avenidas próximas ao parque, afetou diretamente a comunidade do entorno. Isso porque houve o transbordamento da bacia de detenção de chuvas da Avenida Vilarinho e, por consequência, inundações nos bairros que se encontram a jusante. O riacho do Nascido deságua no riacho do Vilarinho.
“Causou prejuízos e instabilidade ao município e aos moradores. Há ainda o veste de que a população ficará qualquer tempo sem poder utilizar a extensão para lazer e exercícios”, destaca Márcia Rodrigues Marques, rabino em estudo ambiental e coordenadora do Projeto Manuelzão, vinculado à Universidade Federalista de Minas Gerais (UFMG).
Ou por outra, Bruno Silva, jornalista e frequentador do parque, levanta a preocupação sobre os impactos provocados na fauna e na flora lugar.
“Há uma preocupação com os animais de lá, por fim de contas, eram muitos peixes, muitos patos e tartarugas que viviam na lagoa. O que vai ser desses animais agora? Quando eu vi as imagens daquela lagoa tão formosa, da qual eu costumava tirar muitas fotos, daquele jeito vazio, parecendo um lamaçal, sem vida, foi de trinchar o coração”, lamenta.
O parque e sua lagoa são conhecidos por ser abrigo de diversos animais que encantavam os visitantes. Com o rompimento, todo o ecossistema presente ali foi afetado, mas, de consonância com Márcia Rodrigues, a fauna aquática foi a mais impactada.
“O ecossistema do parque, que estava em estabilidade para a manutenção da fauna e da flora lugar, foi rompido, mormente com afetação da fauna, que teve imediatamente a mortandade de peixes e de outros animais aquáticos. A paisagem também foi desconfigurada pelo carreamento de sedimentos e chuva”, labareda a atenção.
De consonância com a prefeitura, foram resgatados 459 peixes de diferentes espécies e 154 cágados e tartarugas.
Mudanças climáticas
Tendo causado impactos ambientais dessas proporções, o rompimento pode ter relação com um cenário mais grande de crise climática. Com a intensificação do regime de chuvas, são cada vez mais frequentes temporais porquê o que ocorreu no dia do rompimento da barragem.
Segundo a Resguardo Social, em duas horas, a região do parque lidou com 30% do volume de chuva esperado para toda a cidade no mês de novembro.
Diante desse cenário, estruturas programadas para perseverar entre 40 e 80 anos, podem ter sua vida útil reduzida, o que pode ser um sério problema, já que, segundo o Sistema Vernáculo de Informações sobre Segurança de Barragens (Snisb), há 26 milénio barragens no Brasil, das quais pelo menos 10 milénio possuem qualquer proporção de risco de rompimento.
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“As estruturas não foram construídas considerando as fortes chuvas que estamos vivenciando com o cenário atual da emergência climática. O rompimento de barragens, porquê o que ocorreu em Bento Gonçalves (RS) ou porquê essa em Belo Horizonte, estão associados a essa mudança”, explica Márcia Rodrigues.
Valimento do Lagoa do Nascido
A coordenadora do Projeto Manuelzão também labareda a atenção para a valia de parques porquê o Lagoa do Nascido na adaptação urbana ao atual cenário.
“Além de locais de refúgio da fauna e da flora, são áreas de recarga e de preservação hídrica, de grande infiltração da chuva da chuva, propiciando menor escoamento superficial e amenizando as temperaturas, em função da cobertura vegetal”, explica.
Ou por outra, Márcia destaca que pesquisas científicas comprovam que a presença de parques urbanos é importante para a saúde física e mental da população.
“O Lagoa do Nascido não só é muito frequentado, porquê há muitas atividades ambientais e culturais acontecendo sempre no lugar. É uma referência que recebe visitantes de toda a cidade e de pessoas de fora”, enfatiza.
Parque é fruto das lutas populares
A coordenadora do Projeto Manuelzão também relembra que o Parque Lagoa do Nascido é resultado de uma das primeiras lutas ambientalistas de Belo Horizonte.
“O parque é fruto de uma luta comunitária e, por isso, a população tem um gavinha identitário com aquele espaço e as comunidades do entorno utilizam a extensão para lazer, exercícios e atividades culturais. O parque também possibilita o turismo e contribui para a melhoria da qualidade de vida, sendo o número de extensão virente por habitante um supimpa indicador ambiental de ocupação democrática do espaço público”, finaliza Márcia.
Natividade: BdF Minas Gerais
Edição: Ana Carolina Vasconcelos