O Itamaraty impôs um sigilo de cinco anos sobre seis documentos relacionados às eleições presidenciais na Venezuela, o que levanta suspeitas sobre a transparência e as reais intenções do governo Lula em relação ao pleito venezuelano. Esses documentos, enviados ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) durante a gestão de Mauro Vieira uma vez que chanceler, foram classificados uma vez que “reservados”, impedindo que o público tenha entrada às informações contidas neles.
A decisão de manter esses documentos sob sigilo por cinco anos foi tomada pelo legado João Marcelo Galvão de Queiroz, diretor do Departamento de América do Sul, e baseia-se na Lei de Entrada à Informação, que permite a proteção de dados que possam prejudicar as relações internacionais do país. No entanto, essa justificativa pode ser vista uma vez que uma tentativa de ocultar possíveis manobras diplomáticas ou pressões exercidas pelo governo brasílio para influenciar as eleições na Venezuela.
A pressão do governo Lula para que o TSE enviasse observadores eleitorais à Venezuela gerou desconforto dentro do tribunal, que inicialmente recusou o pedido. A situação evoluiu com o tempo, e o envio de servidores quase ocorreu, mas foi cancelado pela presidente do TSE, Cármen Lúcia, em seguida críticas de Nicolás Maduro ao sistema de votação brasílio. Esse recuo ocorreu exclusivamente quatro dias antes das eleições na Venezuela, sugerindo que o governo brasílio estava disposto a ceder à pressão de Maduro até o último momento.
A decisão de manter esses documentos sob sigilo levanta questões sobre a transparência do governo e o comprometimento com a democracia em países vizinhos. Aliás, a insistência do Itamaraty em enviar observadores, mesmo em seguida a troca de comando no TSE, indica que havia um potente interesse político do governo Lula em legitimar o processo eleitoral na Venezuela, apesar das conhecidas controvérsias envolvendo o regime de Maduro.
Essa situação pode ser interpretada uma vez que um esforço do governo Lula para fortalecer laços com regimes autoritários na América Latina, enquanto procura minimizar críticas internas e internacionais ao seu próprio sistema eleitoral. A ocultação dessas informações só aumenta as suspeitas de que alguma coisa mais profundo e potencialmente prejudicial às relações diplomáticas do Brasil com outros países estava em jogo.
Direita Online
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