A postura dos militares diante do projecto de golpe de Estado para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na presidência depois perder as eleições em 2022 aumentou a discussão sobre a premência de reformar as Forças Armadas. Seis décadas depois do golpe de 1964, pelo menos 25 dos 37 indiciados no sindicância final sobre planos contra a democracia, realizado pela Polícia Federalista, são agentes militares.
Mesmo os que não foram indiciados, mas que souberam ou foram convidados a se envolver na trama golpista têm qualquer intensidade de responsabilidade, já que o projecto poderia ter se concretizado sem que houvesse denúncia. É porquê analisa Carla Teixeira, historiadora e professora de História do Brasil da Universidade Federalista de Uberlândia (UFU), de Minas Gerais.
“Há uma definição de um responsável, que eu acho muito interessante, que fala sobre os golpistas ativos e os golpistas passivos. Essa teoria de subdivisão levanta algumas perguntas que são importantes de serem feitas. Se segmento do sobranceiro comando [das Forças Armadas] foi contra [o golpe], por que não tomou nenhuma medida para impedir que isso acontecesse? Por que não houve uma denúncia junto ao Supremo Tribunal Federalista [STF], por exemplo?”, questiona.
“Estudiosos da superfície justificam dizendo que seria uma crise muito grande. Ora, a invasão dos prédios e o quebra-quebra no 8 de janeiro não foi uma crise muito grande? Eu acho que é importante cobrarmos, nesse momento, que a instituição Forças Armadas, que as três forças, principalmente o Tropa Brasiliano, respondam à sociedade: Por que permitiu que isso acontecesse e quais eram as intenções? Não sabemos, mas é importante que eles digam”, continua a professora, cobrando por respostas.
Para Teixeira, que também é coautora do livro Ilegais e Imorais: Autoritarismo, Interferência Política e Prevaricação dos Militares na História do Brasil, é evidente que ainda há uma dificuldade de os militares aceitarem uma narrativa democrática no país.
“Desde o final da ditadura militar, o Tropa Brasiliano, por exemplo, não admitia que houve torturas ou violações dos direitos humanos. Portanto, um pedido de desculpas à sociedade brasileira iria muito muito e certamente contribuiria para a pacificação do país.”
“O que não dá é para a gente procurar responsabilizar CPF, sendo que é o CNPJ que, de alguma maneira, forma esses CPFs para agir de maneira golpista ao longo do processo político brasílio. É importante que a instituição seja responsabilizada e que o governo atue politicamente para resolver esse problema”, serpente.
A investigação sobre o projecto de golpe está sob estudo da Procuradora-Universal da República (PGR), que deve determinar se denuncia os indiciados, inclusive Bolsonaro, indigitado porquê mentor da trama. Segundo a historiadora, os indícios reforçam uma narrativa de que Bolsonaro tenha usado as Forças Armadas para seus interesses, mas pouco se fala do contrário, o interesse dos militares.
“É escandaloso o que está acontecendo, mas de alguma maneira, isso condiz com a história dos militares na República Brasileira. Desde a instalação da República, os militares se colocam numa posição de superioridade que garante a eles uma legitimidade moral para intervir em situações de crise no nosso país”, afirma.
“Há uma narrativa na grande prensa que coloca o Bolsonaro porquê uma figura que usa as Forças Armadas, mas entre vários estudiosos do tema, há um consenso de que, na verdade, foram as Forças Armadas, principalmente o Tropa, que utilizaram a capacidade eleitoral do Bolsonaro para um retorno ao poder, ao protagonismo político da República no Brasil”, pontua.
A entrevista completa está disponível na edição desta quinta-feira (28) do Medial do Brasil, no via do Brasil de Vestimenta no YouTube.
E tem mais!
Cuba
O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, tem causado polêmica com as nomeações para seu próximo governo. No segundo procuração, o republicano aposta em figuras extremistas para cargos importantes. É o caso de Marco Rubio, porvir gerente do Departamento de Estado. Crítico ferrenho do socialismo cubano, ele pode aprofundar a hostilidade contra a ilhéu.
Sahel
Mais de 2 milénio pessoas de 30 países estiveram em Niamei, capital do Níger, entre 19 e 21 de novembro, para participar da Conferência Internacional de Solidariedade Anti-Imperialista com os Povos do Sahel, região que abrange cinco países entre o deserto do Saara e a savana do Sudão. O Brasil de Vestimenta esteve no evento e traz uma entrevista exclusiva.
O Medial do Brasil é uma produção do Brasil de Vestimenta. O programa é exibido de segunda a sexta-feira, ao vivo, sempre às 13h, pela Rede TVT e por emissoras parceiras.
Edição: Nicolau Soares