Em novo Relatório de Seguimento Fiscal (RAF), a Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado aponta dificuldades do governo federalista na sustentabilidade dos gastos públicos mesmo com a melhora na previsão do prolongamento do país. O documento foi publicado na quinta-feira (26).
A estimativa da IFI é que a dívida bruta do governo universal — que inclui todos os poderes da União, estados e municípios, sem considerar seus ativos e patrimônios — alcance valor que corresponde a 80% do resultado interno bruto (PIB) ao término deste ano e continue crescendo no pequeno prazo. O valor da dívida era de R$ 8,8 trilhões em julho, segundo o Banco Meão.
Para a Presidência da República, a dívida terminará 2024 em 76,6% e não chegará a 80%, segundo projeção feita até 2034. É o que consta nos anexos da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2025 (PLN 3/2024), ainda em estudo pelos parlamentares.
O indicador permite confrontar se a soma do que o poder público deve é conciliável com a produção do país uma vez que um todo e é uma forma de medir a saúde fiscal e orçamentária da país. Desde 2014, a dívida bruta apresenta persistente prolongamento.
Riscos
Na avaliação da IFI, o controle dos valores devidos dependem de a União receptar mais do que gasta (superávit primitivo). Mas o governo enfrenta desafios, por exemplo, com o aumento da taxa básica de juros — elevada para 10,75% em setembro —, que encarece os financiamentos do governo. O aumento nos gastos e as dificuldades em aumentar as receitas também causam dificuldades na gestão, segundo a IFI.
“O prolongamento insustentável da dívida pode comprometer o espaço fiscal do país [possibilidade de ampliar gastos e investimentos], aumentando o risco de uma crise de crédito ou a urgência de ajustes fiscais mais rigorosos”, diz o RAF.
PIB
A IFI ainda alterou a projeção do PIB para prolongamento de 2,8% neste ano, ao invés dos 2% anteriormente estimados. Mas, segundo o RAF, a melhora não significa necessariamente um impacto positivo na proporção da dívida bruta com relação ao PIB. A variação na dívida causada pelo aumento na produção brasileira neste ano deve ser quase metade do efeito causado em 2023, segundo a IFI.
“O efeito do prolongamento do PIB nominal sobre a dívida tem contribuído menos em 2024 comparativamente a anos anteriores”, diz o documento.
Meta
O documento aponta que a tendência no resultado das receitas e despesas públicas primárias vai na contramão do alerta da IFI. A meta de déficit zero da LDO deste ano (Lei 14.791, de 2023) não será cumprida, nem em 2025, se não houver medidas adicionais. A instituição do Senado afirma que financiar políticas públicas por fora do Orçamento, obter aval jurídico para não incluir certos gastos nos cálculos da meta e o otimismo nas projeções fiscais geram questionamentos sobre a trajetória da dívida. Para 2025, o governo errou para mais, na estimativa de arrecadação, em R$ 87,4 bilhões, segundo os parâmetros utilizados pela IFI.
“A retirada de políticas públicas do Orçamento, para realização por meio de mecanismos parafiscais, a exemplo do Programa Pé-de-Meia em 2024 e, eventualmente, do Programa Auxílio Gás […] contribuem para a perda de credibilidade do tórax fiscal. Aliás, a subestimação de despesas, notadamente de benefícios previdenciários e assistenciais, as dúvidas em relação aos crescentes abatimentos das metas fiscais, e a mudança […] para atingimento somente do limite subalterno da meta [de resultado primário] lançam dúvidas significativas sobre a trajetória de sustentabilidade da dívida pública”. Clique AQUI para ver o relatório na íntegra. (Nascente e foto: Ag. Senado)
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