Ex-presidente e outras 36 pessoas foram indiciadas pela Polícia Federalista por suspeita de crimes de golpe de Estado
Bolsonaro admite pedir refúgio em embaixada caso tenha prisão decretada por trama golpista
Embora a Polícia Federalista tenha identificado Jair Bolsonaro (PL) porquê o dirigente de uma provável tentativa de golpe de Estado, o ex-presidente nega ter conhecimento do “projecto de matar Luiz Inácio Lula da Silva (PT)”, o vice, Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes. Ele também considera a possibilidade de solicitar asilo em uma embaixada se a sua prisão for decretada.
Em entrevista à colunista do UOL Raquel Landim, o ex-mandatário afirmou que ‘não deve zero’, e não tem terror de ser recluso. “Vivemos num mundo das arbitrariedades. Agora eu não posso ir dormir preocupado de que a PF vai estar na minha vivenda amanhã cedo. Eu já tive três procura e mortificação, tá? Absurdas, absurdas. Corro risco, sem responsabilidade zero, corro risco. [O Supremo] Vai fazer a arbitrariedade, vamos ver as consequências”, declarou nessa quarta-feira, 29.
A investigação da Polícia Federalista revela que aliados do ex-presidente desenvolveram um projecto de fuga para Bolsonaro, se o golpe tentado não tivesse sucesso.
A Polícia Federalista indiciou Bolsonaro e outras 36 indivíduos, que incluem ex-ministros, conselheiros, aliados e militares de subida patente, sob suspeita de crimes porquê golpe de Estado, aniquilação violenta do Estado de Recta e formação de organização criminosa. De convenção com a investigação, Bolsonaro estava cônscio do projecto, que supostamente envolvia a eliminação de autoridades.
No entanto, o ex-presidente diz que essa é “uma grande estória”, e que isso é assinalado porque Alexandre de Moraes “assim deseja”.
“Que projecto era esse? Dar um golpe com um general da suplente, três ou quatro oficiais e um agente da PF? Que loucura é essa? Ali no prédio da Presidência trabalham mais ou menos 500 pessoas. E eu sei o que cada um está fazendo?”, questiona.
“E esse projecto é para sequestrar e envenenar? Pelo que sei, o Alexandre não sai de vivenda com menos de seis agentes do lado dele. Isso aí é até fanfarronada. É papo de quem tem minhoca na cabeça. Sequestrar, envenenar, matar. Matar o Alckmin? Não dá. Pra quê?”, continua.
O político, que agora está inelegível, confessa ter conversado sobre “um dos artigos da Constituição” com comandantes das Forças Armadas, e que a minuta do golpe é “baseada” nela.
“Para que serve a Constituição? É a nossa lei máxima. Eu entendo que ali é um setentrião para você seguir. Se tem um remédio ali, por que não discutir? Discutir um dos artigos da Constituição é qualquer delito? Foi levada avante alguma dessas possíveis propostas? O comandante do Tropa falou sobre isso. Foi discutida a hipótese de GLO, de 142, de estado de sítio, estado de resguardo. Qual é o problema de discutir isso aí?”
Bolsonaro planejou, atuou e teve domínio de atos em tentativa de golpe de Estado, diz PF
O ex-chefe de Estado também afirma desconhecer completamente o que é o Projecto Punhal Verdejante e Amarelo, um projecto que foi apreendido com o general do Tropa Mário Fernandes e que incluía a morte de Lula, Alckmin e Moraes. Ele também insiste que nenhum de seus subordinados solicitou que ele realizasse o Golpe.
“Eu acho que seria uma tremenda ignorância, tá notório? Petulância. Não estaria sofrendo muito das faculdades mentais. O que é um golpe de Estado? O golpe de Estado não é o que o presidente quer. Ele tem que se declamar com as Forças Armadas, com políticos, classe empresarial, porquê fizeram em 1964. Ter recurso, tropa na rua”, acrescentou.
Quanto ao exilo em alguma embaixada, Bolsonaro diz que pelo que já viu na “história do mundo”, aqueles que se veem “perseguidos” podem ir para lá, não descartando a medida. “Se eu devesse alguma coisa, estaria nos Estados Unidos, não teria voltado”.
Já a saudação das eleições de 2026, ele diz que se manterá candidato à presidência, e que seu vice talvez será um nordestino “um cabra da peste”. “Sou um cidadão. Sou um réu sem delito. Fui sentenciado [se tornou inelegível] sem delito nenhum”, finalizou.