A disputa pela prefeitura de São Luís (MA) parece não exigir tanto da campanha de Eduardo Braide (PSD), que tem liderado as pesquisas eleitorais. O atual prefeito da capital maranhense apareceu com 60% das intenções de voto na última pesquisa Quaest, divulgada em 10 de setembro.
Se os números das pesquisas se confirmarem nas urnas, não haverá sequer segundo vez, já que, para ser eleito, um candidato a prefeito precisa de 50% dos votos mais um.
Um dos fatores que explica o nepotismo de Braide é a série de obras que ele tem feito na cidade, diz a observador política Arleth Borges, professora na Universidade Federalista do Maranhão (UFMA).
“Há um conjunto de obras que o prefeito vem desenvolvendo, relativas à pavimentação, drenagens, entregas de algumas unidades de serviços de saúde, intervenções no trânsito. São muitas obras, inclusive, realizadas agora neste último ano da gestão, logo tem aquele fator da visibilidade muito maior.”
Braide também é beneficiado pelo investimento em festividades na cidade, acredita Arleth.
“O nível de ratificação é bastante confortável, na morada supra dos 60%. Ele tem investido muito no calendário de eventos, de festividades, de festas, que tem empolgado consideravelmente o eleitorado lugar. E eu acredito que também há estratégias de campanha que se somam para esse resultado, porque tem lhe permitido, por exemplo, driblar os escândalos, as acusações de devassidão de que ele vem sendo objectivo. Ele, por exemplo, não tem ido aos debates”, observa a observador política.
Casos polêmicos na gestão
O caso mais polêmico envolvendo a família de Braide foi o do “sege do milhão”. Em agosto, o irmão do prefeito de São Luís, o médico Antônio Braide, foi recluso no contexto de uma operação da Polícia Social que investiga a participação do médico no caso do sege encontrado desabitado com mais de R$ 1 milhão em quantia vivo.
No dia em que o sege foi encontrado com o quantia, um funcionário da prefeitura apareceu e disse que era possuinte do veículo, conforme noticiou o g1. Mas quem dirigia era Guilherme Ferreira Teixeira, ex-assessor do deputado estadual Fernando Braide (PSC), outro irmão do prefeito.
Ao largar o veículo, Guilherme teria pego carona em outro sege, em nome da mãe de Eduardo Braide, que faleceu em 2010. À idade da prisão, o prefeito de São Luís se manifestou por meio de nota, na qual afirma que “espera que as investigações sejam conduzidas com ligeireza e imparcialidade. E, se houver qualquer irregularidade, que os culpados sejam punidos com o rigor da lei”.
Na ocasião, o presidente da Câmara de São Luís, vereador Paulo Victor (PSB), aproveitou para fazer duras críticas ao escândalo.
Para a professora da UFMA, o prefeito tem conseguido driblar isso ao longo do governo. “É uma série de conflitos que ele tem com a Câmara de Vereadores. Os vereadores, em universal, fazem aquele meio-campo ali entre o votante e o Executivo. E ele tem se posto pessoalmente muito adiante disso, lhano, por isso, um conflito com os vereadores, mas fortalecido a sua conexão direta com o eleitorado.”
Principal oponente
O principal opositor de Braide na corrida eleitoral em São Luís é o candidato Duarte Junior (PSB). Na mesma pesquisa Quaest do início do mês, o candidato, que tem esteio do governador do Maranhão, Carlos Brandão Júnior, do mesmo partido, estava com 21% das intenções de voto. A intervalo surpreende, já que Duarte tem esteio de diversos partidos na disputa.
“Não é por falta de apoios. A candidatura do principal concorrente do prefeito, o deputado Duarte Junior, até surpreende no seu desempenho muito modesto. Porque ele vem com 12 partidos, entre eles os maiores partidos do Brasil e ele tem tapume de 60% do tempo do horário eleitoral. Portanto, há uma certa surpresa [porque] apesar de isso tudo, de todos esses trunfos, essas vantagens, a candidatura de Duarte não tem conseguido, até o momento, oferecer uma oposição vigorosa à reeleição do prefeito Braide”, expõe Arleth.
Na Quaest, os demais candidatos aparecem com porcentagem que variam de 0 a 3%.
Pautas de campanhas
Diante da diferença tão grande entre o atual prefeito e o segundo posto, a observador política cita os temas de interesse do eleitorado em São Luís que poderiam suscitar alguma mudança no cenário e que não vêm sendo explorados.
“Problemas muito sérios que a cidade enfrenta têm pretérito [batido]. Há candidaturas do campo mais da esquerda – a candidatura do Psol, a candidatura do PSTU – que têm procurado pautar algumas questões que são centrais, mas o tempo, a oportunidade para o debate público [é] comparativamente muito menor”, explica.
“Entre os que estão adiante da disputa, tem-se sobressaído os temas relacionados à saúde, temas relacionados ao transporte coletivo. Há a questão da inclusão. E a grande questão ausente que eu vejo nesse debate é a questão ambiental, porque São Luís enfrenta problemas muito sérios nesse campo e não têm tido uma atenção à profundeza”, declara Arleth.
A entrevista completa está disponível na edição desta sexta-feira (27) do Médio do Brasil, no meato do Brasil de Roupa no YouTube.
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Bloqueio Ilícito
Cuba está propondo mais uma vez à Reunião Universal da ONU um projeto de solução que denuncia o bloqueio imposto pelos Estados Unidos. Esse projeto tem sido apresentado por Cuba todos os anos desde 1992, com esteio da comunidade internacional.
O Médio do Brasil é uma produção do Brasil de Roupa. O programa é exibido de segunda a sexta-feira, ao vivo, às 13h10, pela Rede TVT e por emissoras parceiras.
Edição: Thalita Pires
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