Relatório da Polícia Federalista sobre suposta conspiração em governo Bolsonaro faz referência ao filme ‘Golpe Duplo’
O relatório da Polícia Federalista (PF) que investiga uma suposta conspiração golpista ao final do governo de Jair Bolsonaro trouxe um elemento inesperado: a referência ao filme “Golpe Duplo” (2015), estrelado pelo ator Will Smith.
Marcos do Val e a Estratégia Inspirada no Filme
Segundo o relatório, o senador Marcos do Val (Podemos-ES) mencionou em diálogos interceptados uma técnica apresentada no filme para justificar uma estratégia de manipulação. A técnica, segundo o parlamentar, seria usada para atrair a atenção da prensa e viabilizar a geração de uma CPI no Congresso Pátrio.
Do Val teria citado o filme em mensagens enviadas à deputada federalista Carla Zambelli (PL-SP), nas quais explicou que utilizou a tática porquê forma de influenciar subliminarmente as discussões.
“Eu usei uma estratégia chamada ‘Reação de Goche’. Depois leia sobre isso. Já foi mostrado no filme ‘Golpe Duplo – com Will Smith’. O que ele fez no filme sobre o número 55, eu usei nas entrevistas a vocábulo principal CPMI,” escreveu o senador.
No filme, o personagem de Will Smith manipula alguém para escolher repetidamente o número 55, criando uma espécie de programação mental.
Projecto de Gravação e Diferença de Versões
Em fevereiro de 2022, Marcos do Val revelou à revista Veja que o ex-deputado Daniel Silveira o teria instigado a gravar uma conversa com o portanto presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, com o objetivo de comprometer a legitimidade das eleições. O projecto teria sido discutido na presença de Jair Bolsonaro.
No entanto, o senador mudou sua versão em entrevistas posteriores, negando o envolvimento de Bolsonaro na trama. A PF aponta que essa mudança pode ter sido motivada por pressões de integrantes próximos ao ex-presidente, porquê forma de proteger sua imagem.
O relatório da PF destaca que a tentativa de gravar Alexandre de Moraes ocorreu em dezembro de 2022, um momento crítico em que o grupo investigado estava ajustando os termos finais de um suposto “decreto golpista” e planejando ações operacionais contra o ministro do STF.
O sindicância conclui que Do Val atuou para “dificultar e embaraçar os procedimentos investigatórios relacionados à tentativa de golpe de Estado.”