A cidade de Olinda, na região metropolitana de Pernambuco, é famosa por seus casarios históricos e por sua força cultural. O Carnaval de rua e seus blocos, os bonecos gigantes, as orquestras de frevo, os maracatus e afoxés, seus terreiros e demais centros disseminadores de cultura popular fizeram da Marim dos Caetés, uma vez que era chamada inicialmente, a primeira cidade reconhecida, em 2005, uma vez que “capital brasileira da cultura”. Essas manifestações, no entanto, não têm na Câmara Municipal uma representação proporcional à sua prestígio.
A reportagem do Brasil de Roupa Pernambuco visitou as redes sociais dos 16 vereadores de Olinda que são candidatos à reeleição e apurou que unicamente dois deles citam a cultura entre suas prioridades: Vlademir Labanca (PV) e Tonny Magalhães (PSB).
O vereador Vinicius Castello (PT) não disputa a reeleição, pois é candidato a prefeito da cidade. Com o objetivo de apresentar candidaturas que têm a cultura uma vez que prioridade, o BdF entrou em contato com mais de 10 candidatos – com e sem procuração – que destacam o tema nas suas redes sociais. Conheça os depoimentos de quatro que atenderam à reportagem.
Eugênia Lima (PT)
“Olinda tem uma peculiaridade que é o fazer cultural, fruto do trabalho dos fazedores de cultura. É uma produção orgânica e avoengo, dos festejos do Carnaval, do frevo, da capoeira, de um povo resistente que produz cultura todo tempo. Mas essa cultura precisa de mais investimento para que gere renda para o município. A cada R$ 1 investido na cultura, voltam R$ 5 para os cofres públicos. Portanto investir na cultura é resgatar a ancestralidade, levar consciência e também gerar renda.
A cultura também salva vidas, porque pode ser uma selecção de trabalho e renda para a nossa juventude, nossas mulheres. E por tábua vai movimentar outros setores, uma vez que o de costura, o pessoal do som, o negócio informal. Precisamos olhar a cultura uma vez que política pública, com planejamento, avaliação, metas e investimento.”
Napoleão do MST (PT)
“A minha trajetória em resguardo da cultura começou através da informação popular, divulgando artistas locais. Estive avante do projeto No PE do Ouvido, cobrindo o Abril Pro Rock para 15 rádios comunitárias. Mas também trabalhei nos bastidores, uma vez que produtor cultural. Já estive na coordenação do Carnaval de Olinda e conheço muito o que acontece por trás dos palcos. Sou da ‘galera da graxa’, do som, da iluminação – a turma que faz tudo sobrevir, mas que é invisibilizada.
Olinda respira cultura o ano inteiro, uma cultura que se faz nas periferias. Infelizmente esses artistas da cultura popular só são lembrados no Carnaval – e, mesmo assim, com muito desrespeito. Precisamos de mais investimento nos artistas da terreno. Precisamos de leis e políticas públicas que valorizem o que é nosso. Também temos que resolver problemas antigos, uma vez que os atrasos nos pagamentos de cachês. Estamos em setembro e ainda tem gente que não recebeu.”
Pai Ivo de Xambá (Psol)
“Olinda é história viva e deveríamos ter a cultura uma vez que base da formação da nossa sociedade, através do incentivo à leitura e da geração de projetos de cultura relacionados com a ensino. Também quero estimular a geração de polos culturais permanentes, para fortalecer a vida cultural da cidade além do período carnavalesco. Somos [o Terreiro Portão de Gelo, no quilombo urbano Xambá], um polo cultural importante e que estimula a cultura uma vez que forma refinada de sentença dos olindenses, do qual destacamos o nosso ‘Coco de Mãe Biu’, da nossa País Xambá.”
Fabiano Cultura Sustenta (PT)
“Fabiano é presidente do Alafin Oyo e jurisconsulto. Ana Rita é aposentada e presidente do Conjunto 1900 e antigamente. Kananda é DJ e produtora cultural. Daniel é presidente do GRES Preto Velho [escola de samba]. A candidatura coletiva quer fortalecer as raízes afro-brasileiras da cidade e fomentar a cultura uma vez que instrumento de desenvolvimento social, fortalecendo a cultura periférica e comprometendo-se com a representatividade e promovendo novos talentos.”
Manadeira: BdF Pernambuco
Edição: Martina Medina
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