No último sábado (23), mais de 200 pessoas foram às ruas de Porto Satisfeito reivindicar contra a construção de cinco torres pelo Grupo Zaffari no bairro Praia de Belas, com consequências diretas no vizinho Menino Deus. O protesto foi um amplexo no sítio, a Rossio Itália, onde serão construídos os cinco espigões – com alturas superiores as previstas no verdadeiro e atual Projecto Diretor, que é de 52 metros. Os moradores argumentam que “permanecer parado é muito pior”, e defendem o recta ao protesto.
O redactor Rafael Guimaraens e a sua mulher, a jornalista e editora Clô Barcellos, afirmaram que “o amplexo mostrou um propagação da mobilização em relação ao primeiro ato, realizado há algumas semanas. Mas é preciso que mais gente participe. O movimento atua em três frentes: comunitária, legislativa e judiciária. Nesta última, a teoria é obrigar a realização de uma audiência pública porquê manda a lei e a realização de um estudo de impacto ambiental. Os argumentos contra o projeto ficaram muito expostos: ofende o Projecto Diretor e produzirá consequências drásticas na qualidade de vida do bairro”, disse Rafael.
Comunidade
Na liderança do movimento, que culminou com um amplexo ao quarteirão onde se pretende erigir, está José Paulo Barros, da Associação Comunitária dos Moradores e Amigos de Porto Satisfeito – Núcleo Menino Deus. Denúncia já foi feita ao Ministério Público/RS, que vem exigindo audiência pública e detalhamento técnico das obras, que começarão em 18 meses se o projecto arquitetônico for legalizado pelo município.
Na reunião do Parecer Municipal do Projecto Diretor do dia 13, o Estudo de Viabilidade Urbanístico (EVU) da obra foi aprovada por 17 dos 28 conselheiros, com seis votos contra, três abstenções. Dois outros votantes não compareceram. Junto com outros moradores, entre esses a presidente do Parecer Comunitário de Segurança do Menino Deus, Márcia Regina Godoy, e lideranças da Associação Gaúcha de Proteção ao Envolvente Oriundo (Agapan), o grupo fez um inferior assinado que denuncia irregularidade da obra. O documento será levado ao MP e Defensoria Pública.
Compareceram políticos do campo progressista e popular, porquê as deputadas estaduais Luciana Genro e Sofia Cavedon e os vereadores Karen Santos, Abigail Pereira, Giovani Culau, Roberto Robaina, Jonas Reis e representantes de Pedro Ruas, a jornalista Jurema Josefa e o técnico Daniel Fantinel. Ruas estava viajando pelo Interno para participar de natalício do neto Arthur, seis anos. Todos falaram contra os desmandos dos construtores, alertando para a ampliação de problemas na região, porquê sombreamento, fechamento da paisagem para o pôr do sol, questões ambientais, sanitárias, urbanas, transporte e estrangulamento do tráfico. A vereadora Abigail anunciou que conversará nesta segunda com integrantes da mesa diretora da Câmara Municipal para exigir uma audiência pública para se debater os fatos.
A jornalista e ambientalista Sílvia Marcuzzo também discursou no protesto. E mandou alerta ao grupo construtor: “Alô @zaffari já pensou no impacto negativo na sua marca? Por que fazer prédios tão altos? A comunidade do Menino Deus está mobilizada”.
Em mensagem que enviou por seus assessores, um item publicado recentemente, o vereador Pedro Ruas disse que “é lamentoso que, enquanto tantos buscam soluções mundo afora, alguns governos prosseguem com práticas predatórias ao meio envolvente, porquê é o caso de Porto Satisfeito. Essa falta de empatia é vista nas ações e decisões da prefeitura que, apesar de ter visto o sofrimento da sua população que perdeu tudo na enchente de maio e de ter tido imensos prejuízos com as inundações, obstinar em liberar obras que, pelos estudos, deverão originar sérios problemas ambientais. É o caso da dispensa da realização de audiência pública para a construção deste megaprojeto no Praia de Belas”.
“Ao mesmo tempo, o prefeito anuncia a licença de mais um trecho da orla do Guaiba, a extensão do Anfiteatro Por do Sol, para a construção de meio de eventos, lojas comerciais, hotel, marina pública. Aquele espaço é o único restante junto ao Guaíba, que ainda mantém uma pequena mata ciliar onde abelhas polinizam as flores, pássaros e pequenos mamíferos vivem, procriam se alimentam. Sou contrário a esse projecto e prego a manutenção da estrutura do anfiteatro, construído para manifestações do 1° Fórum Social Mundial em 2001, quando 116 países participaram”, afirmou na mensagem.
Torres
O EVU legalizado prevê cinco torres do Grupo Zaffari: dois edifícios com 100 metros de profundeza cada, outros dois comerciais, um com 85 metros e outro com 61 metros, e o quinto com 130 metros, em que haveria supermercado, estacionamentos, lojas e residências. A prefeitura afirma que empreendimentos, ainda não autorizados, terão de satisfazer condicionantes de mobilidade, trânsito, drenagem, saneamento e arborização. Mas o EVU já foi legalizado no Parecer Municipal do Projecto Diretor e a empreiteira precisa apresentar em 18 meses o projeto arquitetônico. A aprovação do EVU não autoriza o início das obras. Grupo Zaffari afirmou que não irá se manifestar sobre a polêmica.
“O que vem ao caso é a desproporção do projeto em relação ao original. No imaginário das pessoas, ali seria um supermercado. Porto Satisfeito em nenhum sítio tem edifícios com 130 metros de profundeza, e entendemos que houve uma flexibilização enorme. Ele impacta não somente no bairro, mas em toda a cidade, porque, por exemplo, o suporte de esgotamento do bairro não suporta uma densidade que está sendo projetada cá”, disse a moradora do Menino Deus e arquiteta aposentada Maria da Conceição Lopes da Silva ao repórter José Faleiro.
Natividade: BdF Rio Grande do Sul
Edição: Katia Marko