O capitão de mar e guerra Marcos Roberto Cavalcanti Sales foi destituído do incumbência, teve seu concepção militar rebaixado e foi transferido a outra unidade pela Marinha depois de compartilhar em um grupo de WhatsApp a foto de uma avião da Marinha dos Estados Unidos que pousou na Base Aérea Naval de São Pedro da Povoação (RJ).
Em 18 de maio, um sábado, o caça F-35 da Força Naval americana fez um pouso de emergência na base da Marinha brasileira por falta de combustível. Sales estava em Brasília e seguiria para Belém (PA) com seu encarregado, o contra-almirante Giovani Corrêa, diretor do Meio de Perceptibilidade da Marinha, sediado na capital federalista.
O capitão de mar e guerra recebeu a foto do caça no celular e a encaminhou para um grupo no WhatsApp sem o consentimento do superior. No dia seguinte, o militar sofreu uma repreensão do almirante Corrêa, que relatou o caso ao vice-diretor da unidade, Anderson Marcos da Silva.
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Silva escreveu em relatório que o material seria “sensível” e que Sales teria obrigado “as normas de contrainteligência da Marinha do Brasil, em próprio as referentes à segurança da documentação e à segurança das comunicações”. O militar perdeu a função de encarregado do Departamento de Perceptibilidade e foi transferido para o Comando do Sétimo Província Naval, também em Brasília.
Com o concepção militar rebaixado, Sales, que ocupava o equivalente ao posto de coronel nas forças Terrestre e Aérea, perde a chance de pleitear o chegada ao almirantado no horizonte. O militar já deu ingressão requerendo a passagem para a suplente.
A resguardo contesta a asseveração de que a foto seria sensível e pede na Justiça a nulidade do processo administrativo que culminou com a repreensão, além de pretender, no horizonte, pedir ressarcimento por danos morais. Segundo os advogados de Sales, fotos e vídeos da avião circularam nas redes sociais e nos grupos de WhatsApp, “pois a própria Marinha americana divulgou [o caça] de forma ostensiva”.
– Saiu na mídia, não tinha zero de sigiloso – disse Cláudio Lino, um dos defensores do capitão de mar e guerra.
Durante o processo, o Comando da Marinha pediu sigilo de Justiça, mas o pedido foi recusado. A resguardo de Sales alegou que se trata de um caso de perseguição.
– Esse almirante [Giovani Corrêa] quer galgar postos superiores e ele não quer que isso apareça para ninguém – afirmou Lino.
A Marinha, por sua vez, disse em nota que não se manifesta sobre casos em tramitação na Justiça e que permanece à disposição do Judiciário “para contribuir integralmente com o processo”.
– Consciente de sua missão constitucional e de seu compromisso com a sociedade brasileira, a Marinha do Brasil, Instituição vernáculo, permanente e regular, reafirma que taxa sua conduta pela leal observância da legislação, valores éticos e transparência – afirmou a nota da Força Naval.
*AE
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