Áudios obtidos pela Polícia Federalista (PF) e divulgados pela prensa mostram que militares de subida patente estavam dispostos, depois o segundo vez das eleições de 2022, a iniciar uma guerra social para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e manter o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder.
Em um dos áudios, do dia 29 de novembro de 2022, o general-de-brigada da suplente Roberto Criscuoli falou sobre a possibilidade de uma guerra social em mensagem enviada para o general da suplente e ex-secretário-executivo da Secretaria-Universal da Presidência da República, Mário Fernandes.
“Se nós não tomarmos a rede agora, depois eu acho que vai ser pior. Na veras vai ser guerra social agora ou guerra social depois. Só que a guerra social agora tem um significativo, o povo tá na rua, nós temos aquele esteio maciço. Daqui a pouco nós vamos entrar numa guerra social, porque daqui a alguns meses esse faceta vai destruir o Tropa, vai destruir tudo”, disse.
Em outra mensagem enviada a Mário Fernandes, o coronel Reginaldo Vieira de Abreu disse que o país estava em guerra e, por isso, defendeu um golpe de Estado. “O senhor me desculpe a frase, mas quatro linhas é o cu. Nós estamos em guerra, eles estão vencendo, está quase acabando e eles não deram um tiro por incompetência nossa”, afirmou.
As investigações mostram que Mário Fernandes foi um gavinha entre manifestantes bolsonaristas que atuavam por um golpe de Estado e Jair Bolsonaro. A PF relata que o general “possuía influência sobre pessoas radicais acampadas no QG-Ex [Quartel-General do Exército (QG-Ex), em Brasília], inclusive com indicativos de que passava orientações de porquê proceder e, ainda fornecia suporte material e/ou financeiro para os turbadores antidemocráticos”.
Em outra mensagem, desta vez enviada por Mário Fernandes ao tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o general diz que estava orientando “tanto o pessoal do agro quanto caminhoneiros que estão no QG” e que já havia conversado pessoalmente com o logo presidente Bolsonaro, em 8 de dezembro. “Talvez seja isso que o cima comando, que a resguardo quer: o clamor popular, porquê foi em 64. Nem que seja pra inflamar a volume, para que ela se mantenha nas ruas”, disse.
Fernandes também pediu que Mauro Cid conversasse com Bolsonaro sobre “segurar” as ações da Polícia Federalista no acampamento de golpistas em frente ao QG do Tropa por meio do Ministério da Justiça. “Os caras não podem agir, a dimensão é militar, mas, porra, já andou havendo prisão realizada ali pela Polícia Federalista. Portanto, porra, seria importante, se o presidente pudesse dar um ‘input’ ali pro Ministério da Justiça, pra segurar a PF, né? Ou, porra, pra Resguardo alertar o CMP, que, porra, não deixa. Os caminhões estão dentro de dimensão militar”, afirmou.
Em resposta, Cid afirmou que conversaria com Bolsonaro. “O negócio é que ele tem essa personalidade às vezes. Ele espera, espera, espera, espera pra ver até onde vai, ver os apoios que tem. Só que às vezes o tempo está pequeno, não dá pra esperar muito mais passar. Dia 12 seria… Teria que ser antes do dia 12 [data da diplomação de Lula no TSE], mas com certeza não vai ocorrer zero”, relatou.
Outra pessoa que aparece nos áudios é o ex-assessor de Jair Bolsonaro, o coronel Marcelo Câmara. Em diálogo com Mário Fernandes, o militar aparece disposto a ir longe por um golpe de Estado. “Qualquer solução, caveira, tu sabe que ela não vai ocorrer sem quebrar ovos, sem quebrar cristais”, afirmou.
A Marcelo Câmara, Mário Fernandes falou em tirar o general Paulo Sérgio Nogueira do Ministério da Resguardo colocar o general Walter Braga Netto, assinalado pela PF porquê um dos principais articuladores do projecto golpistas.
“Ontem, falei com o presidente. Porra faceta, eu tava pensando cá, sugeri o presidente até, porra, ele pensar em mudar de novo o MD [Ministério da Defesa], porra. Bota de novo o General Braga Netto lá. General Braga Netto tá revoltado, porra, ele vai ter um esteio mais efetivo”, diz Fernandes ao facilitar do ex-presidente.
Na última quinta-feira (21), Mário Fernandes e outras 36 pessoas, incluindo o ex-presidente, foram indiciados pela Polícia Federalista por uma tentativa de golpe de Estado e um projecto de realização do presidente Lula, do vice Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federalista (STF). A PF apontou os crimes de extinção violenta do Estado Democrático de Recta, Golpe de Estado e organização criminosa.
Edição: Nathallia Fonseca