A proliferação dos focos de queimadas em áreas rurais por todo o território vernáculo e o pregão de que São Paulo passou a liderar o ranking das cidades com o ar mais poluído do mundo colocaram a questão ambiental no núcleo do debate público no Brasil. Depois da tragédia no Rio Grandes do Sul com as fortes chuvas, as mudanças climáticas põem em xeque, mais uma vez, o modo de produção do agronegócio.
O queimada queimou mais de 114.000 km² neste ano, sobretudo, na Amazônia, no Selado e no Pantanal. A extensão é mais que o duplo da registrada nos primeiros oito meses de 2023 (52.519 km²). Só em agosto, mais de 56.000 km² foram incendiados, de conciliação com o Monitor do Incêndio da plataforma MapBiomas.
Mais de 10 milhões de pessoas foram afetadas diretamente pelos incêndios florestais. São 531 municípios que decretaram situação de emergência por justificação desses incêndios, que passaram a marca de 160 milénio focos neste ano.
No mesmo período da explosão dos casos de queimadas, a cidade de São Paulo foi apontada pela escritório suíça IQAir uma vez que o município com o ar mais poluído do mundo. A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) registrou que, das 22 estações de monitoramento de qualidade do ar, 21 apresentavam o indicador “muito ruim” ou “ruim”.
Uma partícula tóxica com diâmetro de 2,5 micrômetros ou menos, conhecida uma vez que MP2,5, é o principal poluente. Com um tamanho muito pequeno, essa substância penetra no sistema respiratório e chega à manante sanguínea. Esse agente químico aumenta os riscos de doenças cardíacas, pulmonares e vasculares, uma vez que o acidente vascular cerebral (AVC).
Não é uma exclusividade da cidade de São Paulo. Respira-se um ar poluído em todas as regiões do país. Levantamento aponta que a média anual da partícula tóxica MP2,5 no Brasil é de 9,9 microgramas por metro cúbico (µg/m³), o duplo do limite estabelecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
A associação das queimadas no interno com a péssima qualidade do ar nas capitais acendeu um sinal amarelo e conectou o que se passa no campo com a piora da qualidade de vida nas grandes cidades. Não dá mais para ignorar que respirar um ar poluído e sedento nas áreas urbanas – que justificação doenças na gorgomilos, no sistema respiratório e sinusite – está relacionado à exploração numulário acelerada e sem controle dos recursos da natureza.
O Brasil vive sob a preeminência do modo de produção do agronegócio desde o final dos anos 90. O himeneu do capital financeiro internacional e das empresas transnacionais com o latifúndio expandiu a monocultura de commodities para exportação. O progressão da fronteira agrícola e das áreas de pastagens sobre florestas e campos naturais sacrificou 514 milénio quilômetros quadrados de áreas verdes de 2000 a 2020. Esse território equivale a 6% do território, que corresponde à soma do tamanho de São Paulo, Rio, Paraná e Sergipe.
Com a subtracção das áreas verdes, foi reduzida a capacidade de sucção de dióxido de carbono (CO 2) da atmosfera. Ou por outra, a própria derrubada e/ou queimada das florestas liberam o carbono absorvido pelas árvores na forma de CO 2, um dos principais gases de efeito estufa que contribui para o aquecimento global.
A expansão do agronegócio da soja, milho, cana-de-açúcar, algodão e pecuária intensificou a crise das mudanças climáticas. O queimada é o primeiro ato de um processo que leva à elevação das temperaturas e à mudança do ciclo das chuvas e da seca, criando o envolvente para o descontrole das queimadas que o país vive atualmente. Ou seja, nos próximos anos, os períodos de seca serão maiores e os focos de incêndios ainda mais numerosos.
O uso do queimada na lavradio não é uma novidade. Essa é uma prática antiga em algumas áreas rurais para “limpar” terrenos e preparar a terreno para o plantio. No entanto, sob a lógica da reprodução ampliada do capital, as queimadas se tornaram num instrumento para expandir a fronteira agrícola de forma acelerada e contínua para a reprodução do sistema.
As queimadas criminosas para a início das áreas para a pecuária e a monocultura da soja conferem maior presteza e segurança aos autores, uma vez que o sistema por satélites de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Estagnar), do Instituto Pátrio de Pesquisas Espaciais (Inpe), tem maior dificuldade para identificar o desmatamento em focos de incêndios.
*Igor Felippe Santos é jornalista e comentador político com atuação nos movimentos populares.
**Leste é um item de opinião e não representa necessariamente a traço editorial do Brasil de Indumento.
Edição: Thalita Pires
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