Insatisfeito com as metas de assentamento reduzidas apresentadas pelo governo e com as políticas voltadas aos pequenos produtores rurais, o MST, tradicionalmente coligado ao PT, ofídio a saída do ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira. Em entrevista ao jornal O Mundo, Teixeira afirmou estar em diálogo com o governo para atender às demandas do movimento.
Com restrições orçamentárias, Teixeira, filiado ao PT, tem buscado alternativas, uma vez que a destinação de imóveis rurais penhorados por dívidas em ações judiciais da União ou de autarquias públicas, para o programa de reforma agrária. No entanto, o MST considera que a utilização dessas terras não ocorrerá de maneira rápida.
O Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) tem uma vez que meta botar 20.490 famílias no próximo ano, enquanto o MST exige o assentamento de 60 milénio famílias, número correspondente às pessoas acampadas no país. O movimento avalia que o compromisso político firmado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o MST, durante uma reunião em agosto na Granja do Torto, não está sendo cumprido.
Há também críticas à gestão do Instituto Vernáculo de Colonização e Reforma Agrária (Incra), que é subordinado ao MDA e presidido por Cesar Aldrighi. Diego Moreira, da direção pátrio do MST, declarou que a questão não é pessoal, mas sim uma resguardo da base do movimento, tanto assentada quanto acampada. Segundo ele, se o presidente do Incra e o ministro não estão conseguindo dar curso à taxa da reforma agrária, seria correto que ambos colocassem seus cargos à disposição do presidente.
Dirigentes do MST, em conversas reservadas, afirmam que a permanência de Paulo Teixeira avante do ministério se tornou insustentável. O movimento planeja uma novidade reunião com o presidente Lula ainda nesta semana para discutir o insatisfação com as ações do governo.
Moreira enfatizou que o MST informará ao presidente que o Ministério do Desenvolvimento Agrário e o Incra, em sua forma atual, não têm condições de levar adiante a taxa da reforma agrária. Ele também apontou dificuldades no chegada dos assentados ao Projecto Safra, que financia a produção agrícola, além de ressaltar que o programa de compra de mantimentos do governo federalista, que compra produtos de pequenos produtores para combater a miséria, tem obtido menos famílias que antes, com muitas pessoas enfrentando barreiras burocráticas. Outro ponto de sátira é a falta de investimentos em infraestrutura nos assentamentos, uma vez que a construção de casas e estradas.
Na visão de Moreira, a agenda do governo Lula 3 está aquém do que foi implementado nos governos Lula 1 e 2, tanto no que se refere às políticas de desenvolvimento dos assentamentos quanto à obtenção de terras para a reforma agrária.
Em resposta, Paulo Teixeira afirmou estar mantendo o diálogo com o MST e pretende discutir com o núcleo do governo, incluindo o presidente e o Ministério da Mansão Social, a elevação da meta de assentamentos para 2025, uma vez que solicitado pelo movimento. Segundo o ministro, todas as questões necessárias para implementar o projecto de reforma agrária estão sendo resolvidas. A portaria que regulariza o uso de imóveis devedores da União para o programa de assentamentos foi publicada recentemente.
Teixeira também garantiu que a meta de 15.605 famílias assentadas para oriente ano será cumprida e que levará a reivindicação do MST sobre a meta de 2025 para o núcleo do governo.
Embora tenha uma relação histórica com o PT, o MST não tem se envolvido diretamente nas campanhas presidenciais do partido desde 1994. No entanto, em 2022, em meio aos desafios enfrentados durante o governo de Jair Bolsonaro, o movimento indicou seu dirigente João Paulo Rodrigues para coordenar a campanha de Lula.
Depois a vitória eleitoral, Paulo Teixeira foi escolhido para o Ministério do Desenvolvimento Agrário, em um momento de transição de governo. Inicialmente, o projecto era que ele assumisse a pasta das Comunicações, mas a adesão do União Brasil e a indicação de Juscelino Rebento para o missão levaram Lula a ajustar a constituição do governo e acomodar o deputado petista na pasta responsável pela reforma agrária.
Desde o início do terceiro procuração de Lula, a relação do MST com o governo tem sido marcada por tensões. No início da gestão, o movimento se mostrou insatisfeito com a morosidade na indicação do novo presidente do Incra.
Em abril de 2023, o MST iniciou uma série de invasões que expuseram o governo a críticas, inclusive de partidos do núcleo no Congresso.
O movimento também ocupou uma superfície da Embrapa, em Pernambuco. Aliás, o MST se queixou da falta de ação do governo para barrar a instalação de uma CPI na Câmara, que temia prejudicar o movimento, mas a percentagem não avançou.
O MST também se mobilizou contra a permanência de um coligado do presidente da Câmara, Arthur Lira, no comando da Superintendência de Alagoas do Incra, missão que foi ocupado até abril deste ano. Informações Publicação Brasil