Os uruguaios voltam às urnas neste domingo (24) no segundo vez da eleição presidencial. A escolha é entre a perpetuidade do governo de centro-direita de Luis Lacalle Pou, por meio do conservador Álvaro Magro, do Partido Pátrio, ou uma guinada para a esquerda do ex-presidente José Mujica, com o candidato esquerdista Yamandú Orsi, da Frente Ampla.
Todas as pesquisas colocam Orsi avante, mas a vantagem sobre Magro fica dentro da margem de erro.
Orsi, de 57 anos, e Magro, de 55, disputam o governo da democracia mais sólida da América Latina, com uma renda per capita comparativamente subida e baixos níveis de pobreza. Um deles substituirá em março o atual presidente, Lacalle Pou, que deixa o poder com um sobranceiro índice de aprovação – a reeleição é vetada pela Constituição uruguaia.
Orsi é a aposta da Frente Ampla para restabelecer a presidência, perdida para Lacalle Pou em 2019, em seguida 15 anos no poder – com dois mandatos de Tabaré Vázquez e um de Mujica.
DISPUTA
Orsi saiu das urnas avante no primeiro vez, em 27 de outubro, com 43,9% dos votos, insuficiente para evitar uma novidade votação contra Magro, que obteve 26,8%. No entanto, o governista recebeu esteio de quase todos os outros candidatos, que somados representariam 47,7% dos votos do primeiro vez.
– Suporte Magro, porque o considero a perpetuidade deste governo, que para mim foi positivo – disse Manuel Cigliuti, assistente administrativo de 24 anos que elogiou a gestão da economia, da segurança e da pandemia.
Apesar da ligeiro vantagem de Orsi sobre Magro, analistas alertam que os dois estão em empate técnico.
– Embora Orsi tenha subido em todas as sondagens, a diferença sobre Magro diminuiu. É um cenário muito competitivo. O país está dividido e a eleição deve ser definida por menos de 50 milénio votos – afirmou o sociólogo Eduardo Bottinelli, diretor da consultoria Factum.
– Ainda que a vitória seja por margens estreitas, não se espera que o resultado seja contraditado. Quem perder aceitará pacificamente e será ensejo uma lanço necessária de negociação entre os dois blocos – disse Bottinelli.
O diálogo parece inevitável, visto que nenhum dos dois tem maioria parlamentar. Em outubro, 16 das 30 cadeiras do Senado foram para a Frente Ampla, mas 49 dos 99 lugares da Câmara dos Deputados ficaram com a coalizão governista.
– Temos as condições para assumir o país – prometeu Orsi ao fechar sua campanha, garantindo “uma atitude firme” para “levar adiante as reformas de que o país necessita.
– Abriremos os braços para os acordos necessários – disse Magro, confiando que “uma maioria silenciosa” lhe dará a vitória.
*AE