A preocupação com o horizonte da economia brasileira atingiu um ponto crítico na última semana, em meio às incertezas que envolvem a situação fiscal do país. Para o banqueiro Ricardo Lacerda, CEO do Banco BR Partners, o governo precisa atuar rapidamente no sentido de volver as expectativas negativas. “O presidente Lula precisa entrar em campo e abraçar a desculpa fiscal”, disse Lacerda, em entrevista concedida ao Brazil Journal.
Segundo o banqueiro, projetos de investimentos no país têm sido cortados em função do cenário fiscal. “Muitos clientes estão dizendo que está impossível se financiar a 18% ou 19%”, disse ele.
Para Lacerda, o stress que atinge os mercados “não interessa a ninguém,” e os ruídos entre o Presidente e a Faria Lima precisam findar. “As expectativas estão tão baixas que qualquer melhora vai levar a um rali suculento” nos preços dos ativos.
“Goste-se ou não do presidente Lula, ele é a maior liderança política da história republicana. Já está no terceiro procuração e é uma pessoa com enorme capacidade de pronunciação e precisa abraçar essa desculpa”, avalia.
Lacerda não enxerga nenhuma “projéctil de prata”, mas acredita que há tempo e margem de manobra para uma mudança estrutural no busto.
“O busto foi uma substituição ruim do teto de gastos, e ainda não é suficiente. Ele tem que ser correcto e credibilizado,” disse. “Hoje ele não tem credibilidade.”
Para Lacerda, o ministro Fernando Haddad “tem feito tudo o que é provável,”, mas nunca terá o poder de convencimento necessário para que o Governo adote uma agenda mais responsável.
“Sinceramente, não depende do ministro. É preciso que o Presidente Lula coloque para a sociedade, de maneira mais propositiva, porquê o Governo vai gerir essa situação fiscal ao longo dos próximos anos,” disse.
Lacerda também labareda a atenção do Legislativo, que precisa entender seu papel para desmontar a crise. “Temos R$ 500 bilhões em renúncias fiscais e esses incentivos são inviáveis. É nisso que o Legislativo precisa trabalhar,” disse.
O banqueiro também se diz esperançoso com a gestão do horizonte presidente do Banco Meão, Gabriel Galípolo.
“O Galípolo tem sido muito simples sobre porquê são tomadas as decisões do Copom e repete em todas as palestras que cada termo do enviado é muito muito pensada e embasada por uma série de análises,” disse.