Horácio Lafer Piva aponta falhas e inconsistências na meio da política econômica
O ex-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Horácio Lafer Piva, expressou duras críticas à gestão econômica do ministro da Herdade, Fernando Haddad (PT), durante uma entrevista concedida à Folha de S. Paulo. Piva questionou se Haddad estaria sucumbindo ao que chamou de “negacionismo econômico”, caracterizado, segundo ele, pelo solidão de princípios fundamentais da economia.
“A verdade é que nós estamos diante de um enorme constrangimento fiscal”, afirmou, referindo-se ao descontrole dos gastos do governo. Ele também destacou a falta de perspicuidade estratégica e planejamento robusto, fatores que, na sua visão, aumentam as incertezas no envolvente de negócios e minam a crédito dos investidores.
Reforma tributária e lobbies: uma preocupação crescente
Entre os pontos abordados, Piva criticou a meio da reforma tributária, acusando-a de falta de previsibilidade quanto aos impactos no setor produtivo. Ele mencionou que a reforma, que originalmente carregava boas intenções e referências, foi “engolida por interesses e lobbies de baixa qualidade”, tanto empresariais quanto governamentais.
“Brasília parece que, às vezes, não vive no Brasil”, disparou o economista. Ele também chamou atenção para o roupa de que a procura pelo estabilidade fiscal está sendo conduzida de maneira desconexa, sem fala entre Haddad e a ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB-MS). “Eles acabam sendo atropelados por pressões políticas”, afirmou.
Críticas às políticas populistas e falta de diálogo
Piva, atual presidente do Juízo da Klabin S.A., também se posicionou contra o que considera ser uma postura populista do governo. Ele destacou a falta de um diálogo efetivo entre o governo e os setores financeiros e produtivos. “É preciso ter um novo espaço de interlocução entre governo e todo esse pessoal. Não é só sobre os bancos, mas também os fundos de investimento que impulsionam a economia produtiva”, afirmou.
Na visão do ex-presidente da Fiesp, as políticas de pequeno prazo colocam em risco o desenvolvimento sustentável do Brasil, prejudicando tanto a recuperação quanto a capacidade do país de atrair investimentos. Ele enfatizou que muitas empresas estão priorizando a redução de dívidas em vez de investir, um revérbero direto do cenário de incertezas.
Uma piora no cenário econômico
Ao longo da entrevista, Piva demonstrou preocupação com o quadro econômico brasílico, destacando o extenuação do busto fiscal e a crescente suspicácia entre investidores. “Estou preocupado. Estou vendo uma piora do cenário, uma piora do humor, não obstante as declarações que o presidente faz”, concluiu.
Para ele, a meio atual da política econômica é prejudicial ao diálogo com o setor produtivo e às perspectivas de desenvolvimento consistente.