Por Marília Monteiro
O Haiti, oficialmente a República do Haiti, termo originada da língua indígena Taíno, que significa “terreno de montanhas”, está localizado na ilhota de Hispaniola, na América Mediano. O território é partilhado com a República Dominicana, próximo de Cuba e da Jamaica, ao leste, e das Bahamas, ao sul, banhado pelo mar do Caribe. É considerado um dos maiores países da região caribenha, com população estimada em 11,58 milhões, além de ser também um dos mais populosos da região, no qual aproximadamente 2,5 milhões a 3 milhões de pessoas estão na capital Porto Príncipe, localizado no sudoeste do país.
O país reúne grandes nomes de atletas e competidores, com um longo histórico de participação em eventos competitivos esportivos. A sua primeira aparição solene foi nos Jogos Olímpicos em 1924, em Paris, que marcou a primeira medalha olímpica do Haiti, quando a equipe de tiro conseguiu a terceira posição na competição de rifle. Algumas fontes consideram que o esgrimista Léon Thiércelin foi o primeiro competidor haitiano olímpico a participar dos Jogos Olímpicos de Verão, em 1900, na França. A última medalha olímpica foi conquistada em 1928, pelo desportista Silvio Cator ao lucrar a medalha de prata no Salto em Pausa nos Jogos Olímpicos de Verão, em Amsterdã, na Holanda. Posteriormente, os atletas haitianos têm competido em Jogos Pan-americanos, Campeonatos da Confederação das Associações de Futebol da América do Setentrião, Mediano e Caribe (CONCACAF), Jogos Olímpicos da Juventude, e mais recente, Jogos Olímpicos de Inverno de 2022, entre outros.
Em 2024, a delegação haitiana aparece mais uma vez em solo gaulês, com a participação de 7 competidores estreantes em diferentes modalidades nos Jogos Olímpicos de Paris. Entre os atletas, Cédrick Belony-Dulièpre, medalhista de bronze nos Jogos Pan-Americanos do Chile, em 2023, pentacampeão luvas de ouro, vencedor luvas de prata e vencedor luva de bronze. O pugilista azul e vermelho expressou sua satisfação em participar das Olimpíadas ao expressar para Le Nouvelliste, que:
“Sonhei a vida toda em participar dos Jogos Olímpicos, e agora estou a poucas semanas de me tornar um desportista olímpico.”
A equipe de atletismo, composta pelos representantes Christopher Borzor e Emelia Chatfield também integram a delegação haitiana. Para manifestar seu orgulho, Borzor postou em seu Instagram (@flashy_chris) um reels sobre sua trajetória e seus destaques ao quebrar recordes no atletismo. No final da legenda, ele diz orgulhosamente: “WE’RE GOING TO PARIS!!!!!!!! Congrats, little bro, you are officially an Olympian. […]. Show the world what I knew from day one: that you’re destined for greatness”, cuja tradução é “VAMOS PARA PARIS! Parabéns, mano, você é oficialmente um desportista olímpico. […]. Mostre ao mundo o que eu sabia desde o primeiro dia: que você está talhado à grandeza.”
Chatfield, carinhosamente conhecida porquê Mimi, também utilizou sua conta no Instagram @_emeliiaa, para publicar o post com a seguinte legenda: “Mimi is going to Paris”, em tradução livre significa “Mimi vai para Paris”. Os comentários da postagem estão cheios de frases parabenizando pela grande realização.
Outro desportista de cima rendimento que participa da competição é o judoca Philippe Abel Metellus. Desde muito jovem praticava judô em Porto Príncipe, participando do primeiro campeonato vernáculo aos 13 anos. Quando foi morar em Montreal, no Canadá, se tornou um competidor de ponta, colecionando medalhas em diferentes torneios. Em seu site de base e tributo para participar das Olimpíadas, Metellus conta que:
“Minha vida foi movida por um sonho: simbolizar o Haiti nos Jogos Olímpicos. Agora, que me qualifiquei oficialmente para as Olimpíadas de Paris 2024, esse sonho está ao meu alcance.”
Na ginástica, a desportista Lynnzee Brown é uma promessa, conquistou 20 prêmios All-American da Women’s Collegiate Gymnastics Association (WCGA) e participou no Campeonato Pan-Americano de 2023, em Medellín. De contrato com a publicação no site olympics.com, Brown utilizou a plataforma X para expressar sua satisfação depois ser confirmada na Equipe Olímpica Haitiana. Ela pontua que:
“Estou sem palavras por ter recebido esta oportunidade. Espero simbolizar e deixar a Federação orgulhosa. Agradeço a eles por me empurrarem para ir detrás do que eu antes tinha temor de tentar.”
Na natação, o Haiti conta com dois representantes, os jovens Alexandre e Mayah. A nadadora Mayah Chouloute aprendeu a nadar com 2 anos e desenvolveu o paixão pelo esporte. Hoje, aos 14 anos, é membro da Seleção Vernáculo de Natação do Haiti e, orgulhosamente, representa na competição o país dos seus pais, elevando o Haiti na natação e inspirando meninos e meninas. O nadador Alexandre Grand’Pierre, de 21 anos, quebrou o recorde haitiano no Campeonato Mundial de Natação em Doha, Qatar. Em 2019, se tornou membro da Seleção Haitiana de Natação. Alexandre conta radiante ao The Bowdoin Orient que:
“É muito lítico simbolizar orgulhosamente a bandeira haitiana porquê um haitiano. Recebo muito feedback de pessoas na diáspora e na ilhota, dizendo que estão super orgulhosas de mim e assistem às minhas corridas.”
Mesmo participando de uma competição mundial, um momento de grande efervescência e exaltação tanto para os atletas quanto para os países, o Haiti enfrenta uma crise econômica profunda, instabilidade política e desastres naturais. O homicídio do Presidente Jovenel Moïse, em 2021, trouxe grande tensão com a subida do dominio de grupos armados. Segundo a BBC, os problemas persistentes no Haiti têm raízes mais antigas. Algumas remontam desde a independência do país e continuam se aprofundando ao longo do tempo.A Organização das Nações Unidas (ONU) declarou que a instabilidade na capital haitiana, Porto Príncipe, alcançou níveis comparados aos de zona de guerra, com aumento significativo de assassinatos e sequestros no país. De contrato com o secretário-geral da ONU, António Guterres, “o povo haitiano continua enfrentando uma das piores crises de direitos humanos em décadas e uma grande emergência humanitária.”A instabilidade política, a dívida e mediação estrangeira, a violência extrema, a pobreza e os desastres naturais têm sido fatores críticos que agravam a crise no Haiti. A combinação desses elementos impactam na quesito de vida da população, cuja complicação da situação demanda uma abordagem multifacetada para superar os obstáculos persistentes.
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