Posteriormente duas sessões de consolação, o dólar voltou a subir diante de o real nesta segunda-feira, 23, em meio à suspicácia do mercado na política fiscal brasileira e ao progresso da moeda norte-americana no exterior, em um dia marcado pela baixa liquidez antes do Natal e pela carência do Banco Meão nos negócios.
O dólar à vista chegou a oscilar supra de 6,20 reais durante a tarde, para depois fechar a sessão em subida de 1,88%, cotado a 6,1850 reais. Com o movimento, a mote acumula elevação de 27,5% em 2024.
Às 17h04 o dólar para janeiro negociado na B3 – atualmente o mais líquido no Brasil — subia 1,45%, aos 6,1885 reais.
Na quinta e na sexta-feira, o dólar teve perdas firmes diante de o real em meio ao curso do pacote fiscal no Congresso, com o mercado reagindo ainda a declarações consideradas positivas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Mas nesta segunda os receios em torno do pacote voltaram a impactar tanto os DIs (Depósitos Interfinanceiros) quanto o câmbio, mesmo que não houvesse novidades no noticiário fiscal, já que o Congresso estará em recesso até fevereiro.
Profissionais também citaram a perpetuidade do tradicional movimento de término de ano de remessa de dólares ao exterior — desta vez sem que o Banco Meão anunciasse leilões de venda de dólares, uma vez que vinha fazendo nas sessões mais recentes.
“Uma vez que o BC não fez leilão, isso pressionou a taxa. E a liquidez está baixa, porque estamos perto do término do ano”, comentou durante a tarde o diretor da Correparti Corretora, Jefferson Rugik.
Vestígio da baixa liquidez, o BC não vendeu a totalidade dos contratos de swap ofertados no tradicional leilão de rolagem da manhã. Do totalidade de 15.000 contratos, foram vendidos exclusivamente 8.000.
No exterior, o viés do dólar também era positivo diante de a maior secção das demais moedas.
“Isso está sustentado naquela hipótese que os mercados estão precificando, e que o Federalista Reserve indicou em seu último exposição, de que devemos ter menos cortes que o projetado anteriormente nas taxas de juros norte-americanas”, comentou Henrique Cavalcante, comentador da Empiricus.
“Tudo mais metódico, isso implica um dólar mais poderoso no mundo inteiro. (O dólar contra o real) sobe mais porque… vimos o dólar afundando na sexta-feira. Hoje há um movimento de realização”, acrescentou.
O progresso do dólar diante de o real se intensificou à tarde, em meio à queda da liquidez. Posteriormente registrar a mínima de 6,0806 reais (+0,16%) às 9h00, na buraco da sessão, o dólar à vista atingiu a máxima de 6,2026 reais (+2,17%) às 15h33.
Destaque na agenda do dia, a pesquisa Focus mostrou que as expectativas de inflação estão cada vez mais desancoradas. A projeção do mercado para a subida do IPCA em 2024 passou de 4,89% para 4,91% e em 2025 foi de 4,60% para 4,84% — em ambos os casos muito supra da meta contínua de inflação perseguida pelo BC, de 3%.
O cenário para o câmbio também revela pressão, com projeção de dólar a 6,00 reais no término deste ano e a 5,90 reais no fecho do próximo.
Pela manhã, o BC informou, por meio das Estatísticas do Setor Extrínseco, que o Brasil registrou déficit de 3,060 bilhões de dólares na conta fluente do balanço de pagamentos em novembro, pouco aquém da expectativa em pesquisa da Reuters com especialistas, de saldo negativo de 3,344 bilhões de dólares.
O déficit foi mais do que compensado pelo saldo positivo de investimento direto no país (IDP), de 6,956 bilhões de dólares.
Às 17h09, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,25%, a 108,060.
Por Reuters