Nesta segunda (23) e terça-feira (24), acontecem, na cidade baiana de Catarata, o Seminário ‘Eucalipto: impactos e desafios para o Recôncavo da Bahia’. O encontro acontece hoje no campus da Universidade Federalista do Recôncavo da Bahia (UFRB) e amanhã na Vivenda Preta Hub, com o objetivo de debater os impactos e desafios gerados pelo monocultivo do eucalipto na região.
O evento é organizado por comunidades tradicionais e quilombolas do Recôncavo, em parceria com o Recomendação Pastoral de Pescadores e Pescadoras da Bahia-Sergipe (CPP BA-SE), UFRB, Movimento de Pescadores e Pescadoras Artesanais da Bahia (MPP-BA),Campo – Cultura, Envolvente e Território, e a Pronunciação Pátrio de Quilombos (ANQ).
De concórdia com a Secretaria da Lavra, Pecuária, Regadura, Pesca e Aquicultura (Seagri), o eucalipto é a principal árvore cultivada para fins comerciais na Bahia, e o estado ocupa o quarto lugar no ranking brasiliano de produção. A CPP aponta que dentre os principais impactos da monocultura de eucalipto nesta região está a instabilidade hídrica, uma vez que a produção nestes moldes utiliza muita chuva e já impacta na saúde de rios e nascentes que abastecem o recôncavo.
Aliás, o uso de agrotóxicos nas monoculturas também tem contaminado rios, manguezais e o solo. Outro impacto indicado na região é a derrubada de remanescentes da Mata Atlântica para terebrar espaço para monoculturas de eucalipto. Para as comunidades tradicionais, a chegada dessas monoculturas no recôncavo também tem influenciado os processos de regularização fundiária de seus territórios.
“Temos o chamado de cancro do Recôncavo. Destrói a Mata Atlântica e ameaço as comunidades. Alguns empresários e fazendeiros têm ameaçado as comunidades para conseguirem mais terras dentro de territórios quilombolas. Diversas empresas, seguem arrendado terras e expandindo-se. Impactam as comunidades desde o desabastecimento de chuva, adoecimento por contaminações, ameaças e tentativas de expulsão dos seus territórios”, afirma o Recomendação Pastoral de Pescadores e Pescadoras da Bahia-Sergipe.
Os principais municípios atingidos pelo monocultivo de eucalipto no Recôncavo são Maragogipe, Catarata, Santo Amaro e Cruz das Almas.
Programação
A fenda do seminário acontece hoje (23), às 14h, no Campus da UFRB em Catarata. Posteriormente a mesa de fenda com representantes das instituições realizadoras, será a vez do debate “Lance do Monocultivo de Eucalipto e Celulose no Brasil e na Bahia” e “O Progressão do Eucalipto no Recôncavo”, numa mesa com representantes do Grupo de Pesquisa Geografar da Universidade Federalista da Bahia (UFBA), da UFRB e de representantes das comunidades tradicionais.
Posteriormente essa mesa, serão formados grupos de trabalho para a elaboração de um documento que exponha um “Diagnóstico, situação e impactos do Monocultivo de Eucalipto nas comunidades do Recôncavo”, evidenciando os impactos, efeitos e consequências para a organização e segurança das comunidades, além de investigar porquê têm atuado os órgãos ambientais.
No segundo dia, o evento ocorre na Vivenda Preta Hub a partir das 08h30 até 12h, com a mesa oportunidade aos órgãos convidados: Instituto do Meio Envolvente e Recursos Hídricos (Inema), Secretaria de Estado do Meio Envolvente (SEMA), Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Ministério Público Federalista (MPF), Defensoria Pública do Estado (DPE) e Ouvidoria DPE, Secretaria de Promoção da Paridade Racial (Sepromi).
O objetivo desta mesa é que tais órgãos possam prestar informações a comunidades tradicionais, quilombolas e pesqueiras sobre processos de licenciamento e providências acerca dos impactos do monocultivo de eucalipto no Recôncavo. Por término, à tarde, comunidades, movimentos e organizações debaterão estratégias de denúncias e enfrentamentos.
Manancial: BdF Bahia
Edição: Gabriela Amorim
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