Um jovem de 16 anos do povo Guarani Kaiowá, Fred Morilha, foi encontrado morto na manhã desta segunda-feira (23) nas margens da rodovia MS-384, na cidade de Antônio João (MS). Leste é o segundo indígena que morre na região em exclusivamente cinco dias. No último 18 de setembro, o jovem Neri Ramos, de 23 anos, foi assassinado com um tiro na cabeça, disparado pela Polícia Militar do Mato Grosso do Sul.
As circunstâncias da morte de Fred ainda não foram elucidadas. De convenção com lideranças indígenas, o Juízo Indigenista Propagandista e a Instauração Vernáculo dos Povos Indígenas (Funai), a principal suspeita é de que ele tenha sido atropelado. O caso está sendo investigado pela Polícia Social do município de Antônio João.
Um vídeo com mulheres Kaiowá chorando ao lado do corpo do jovem na orla da rodovia circula pelas redes sociais. Fred vivia em uma retomada da Terreno Indígena (TI) Nhanderu Marangatu, palco de tensão desde o último 12 de setembro, quando os indígenas tentaram restaurar uma extensão da Rancho Barra, de propriedade de Roseli Ruiz e Pio Queiroz.
A herdade está sobreposta ao território Guarani Kaiowá, que foi demarcado em 2005 e teve a homologação suspensa em seguida pelo Supremo Tribunal Federalista (STF).
Desde o último dia 12, a comunidade vive sitiada por tapume de 100 policiais militares, respaldados por uma decisão judicial impetrada pela advogada Luana Ruiz, filha dos fazendeiros. De lá para cá, entre feridos por balas de borracha, os indígenas contabilizam uma mulher, Juliana Gomes, alvejada por um tiro de projéctil mortal no joelho, e a morte de Neri Ramos, que as lideranças classificam porquê uma realização.
Nesta segunda-feira (23), a Aty Guasu, Grande Câmara Guarani Kaiowá, alertou que está evidente “a crescente violência contra as comunidades indígenas na região”: “A situação é alarmante e exige uma resposta urgente das autoridades”.
O Brasil de Vestuário entrou em contato com a Secretaria de Segurança Pública do governo do Estado, sob comando de Eduardo Riedel (PSDB), e não teve resposta até o fechamento desta material. Caso seja enviado um posicionamento, o texto será atualizado.
Morte ocorre posteriormente visitante do governo federalista
A morte de Fred acontece dois dias depois da visitante de uma comitiva de entidades governamentais e de resguardo dos direitos humanos ao território. No último sábado (21), estiveram na TI Nhanderu Marangatu representantes do Ministério dos Povos Indígenas (MPI), do Ministério do Desenvolvimento Agrária e Lavradio Familiar (MDA), da Funai, do Ministério Público Estadual, da Defensoria Pública Estadual, além do Cimi e da Aty Guasu.
No domingo (22) a comitiva visitou a retomada Yvy Ajherê, que integra a TI Panambi Lagoa-Rica na cidade de Douradina (MS), intuito de ataques de fazendeiros em julho e agosto e também sob risco iminente.
Na próxima quarta-feira (25), acontece, em Brasília, uma audiência judicial com o ministro do STF Gilmar Mendes sobre o processo demarcatório da TI Nhanderu Marangatu.
“Somente a desfecho do processo demarcatório e a posse plena dos territórios podem prometer a segurança e a vida dos indígenas”, informou o MPI em nota.
Edição: Nicolau Soares
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