O planejamento para um golpe de Estado e homicídio de autoridades brasileiras foi elaborado por membros e ex-integrantes das Forças Armadas, inclusive alguns de subida patente. Esse quadro, para Jorge Rodrigues, comentador político e pesquisador do Instituto Tricontinental de Pesquisa Social, faz com que seja impossível “eximir a instituição de responsabilidade” sobre os fatos apurados.
Das cinco pessoas presas por planejarem ativamente uma tentativa de massacrar o presidente recém-eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seu vice Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federalista (STF), quatro são militares do Tropa: o general da suplente Mario Fernandes e os tenentes-coronéis Hélio Ferreira Lima, Rafael Martins de Oliveira e Rodrigo Bezerra de Azevedo.
Em outro sindicância, 37 pessoas foram indiciadas pela Polícia Federalista (PF) pelo envolvimento no planejamento de um golpe de Estado. Dentre elas, 25 são militares, incluindo os generais Augusto Heleno e Walter Braga Netto e o tenente-coronel Mauro Cid.
Jorge Rodrigues defende que “existe uma tentativa de fazer uma separação muito profíquo para as Forças Armadas entre militares legalistas e militares golpistas ou bolsonaristas”. Para ele, porém, a separação não leva em consideração que se trata de uma “pronunciação de militares graduados: generais, coronéis, tenentes-coronéis, ou seja, que passaram por todo o crivo da instituição e chegaram ao topo da curso”.
“Essas figuras passaram muito tempo nas Forças Armadas e eram figuras ilustres em suas respectivas áreas de atuação. Não tem porquê eximir a instituição de responsabilidade”, afirmou o pesquisador em entrevista ao programa Meão do Brasil, do Brasil de Traje.
Rodrigues concorda que houve uma dissidência do comando das forças, não por uma separação entre militares golpistas e legalista, mas porque houve o entendimento de que a ruptura geraria um basta dispêndio para a instituição. “Seria um dispêndio basta, principalmente se a gente considera que, à estação, o governo dos Estados Unidos já se movia para reconhecer a vitória eleitoral do presidente Lula”, afirma.
Confira o programa com a entrevista:
Edição: Thalita Pires