Entre os dias 21 de novembro a 1º de dezembro, a região administrativa de Taguatinga recebe o Festival de Teatro do Região Federalista, edição próprio que vai recontar com a participação de sete coletivos e companhias teatrais. O palco para a realização do festival será o Teatro Paulo Autran, com ingressão franca para todas as atividades.
Nos sete dias de festival, será realizado apresentações de seis companhias locais e uma convidada de outra região do país. Posteriormente as sessões dos espetáculos, a plateia será convidada para um bate-papo, acerca da obra apresentada – transportado pelo elenco e direção – e a término de estreitar a relação artista e testemunha/espectadora.
O diretor do evento, Lucas Isakssson, conta que a realização do Festival de Teatro do Região Federalista foi um duelo que envolveu planejamento de mais de um ano. Ele explica que o processo começou com a elaboração do edital de seleção, com prioridade na inclusão e a multiplicidade das linguagens teatrais. Além de que, a teoria de incluir sete coletivos teatrais teve uma vez que objetivo dar protagonismo às produções locais e, ao mesmo tempo, ampliar o alcance do festival.
“Tivemos o desvelo de estruturar um evento que valorizasse tanto os artistas quanto o público, oferecendo atividades formativas, debates e apresentações gratuitas. Foi um processo intenso, mas gratificante, movido pela paixão pelo teatro e pela crença no seu poder de transformação social”, explica o diretor do festival.
Uma vez que forma de fortalecer a produção sítio, cada companhia selecionada idealizou sua oficina formativa, que serão ministradas gratuitamente à comunidade escolar da região. Isaksson diz que festival será um espaço para a troca de experiências entre artistas e público, gerando reflexões e conexões importantes. “Estamos confiantes de que as oficinas e debates serão momentos transformadores para quem procura aprofundar seus conhecimentos no teatro. No universal, a expectativa é de que o festival deixe um legado cultural significativo em Taguatinga e para os artistas envolvidos”, afirma o diretor.
Descentralizar a cultura
A escolha da curadoria em levar o Festival para Taguatinga teve por objetivo movimentar ainda mais a cena cultural sítio e promover o entrada democrático a um evento representativo de artes cênicas. A seleção dos espetáculos, a partir das 36 peças inscritas, teve uma única orientação: gerar uma exemplar da multiplicidade e riqueza do Região Federalista.
A escolha de Taguatinga foi realizada pela região ser um polo cultural vibrante, com um público que ainda carece por eventos artísticos de qualidade, ressalta Isaksson. Ele destaca que a cidade é reconhecida pela efervescência cultural, mas também pelos desafios. “Taguatinga não possui um teatro público em funcionamento, embora tenha mais de 200 milénio habitantes, estamos na luta pela reforma do Teatro da Rossio e que a gerência dele seja feita pela Secretaria de Cultura. Mas sem muitas perspectivas”, lembra.
“Precisamos que os gestores públicos deem a devida relevância ao espaço. Outrossim, o Teatro SESC Paulo Autran oferece uma infraestrutura magnífico para receber um evento deste porte, garantindo conforto para os artistas e o público. Levar o festival para Taguatinga também reforça nosso compromisso com a descentralização da cultura, valorizando espaços fora do eixo meão de Brasília”, também diz o diretor.
Para a atriz Julie Wetzel – que estará presente no festival com uma das peças –, o Festival de Teatro do Região Federalista é uma das iniciativas que se somam a diversas outras que vão contra a convergência da cultura no Projecto Piloto. A atriz diz que, depois da pandemia da covid-19, houve uma demanda muito grande pela premência de fazer arte, cultura e de fomentar espaços grupos que não estão centralizadas em Brasília.
“Nós da Cia Burlesca temos um histórico de rodear bastante em diferentes espaços e com essa teoria de todo o solo ser nosso palco e ser possibilidade de teatro, mas ter um festival do DF que se organiza para ter eu ocupar uma sala de teatro de Taguatinga para a gente é muito importante, porque é nessa teoria de que deveriam ter cada vez mais salas de teatros uma vez que Sesc, grandiosas e que estão descentralizadas servindo a população”, conta Julie.
Programação
O festival inicia nesta quinta-feira (21), e todas as sessões começam às 20h. O diretor do evento explica que seis dos espetáculos foram selecionados por meio de um edital, garantindo a multiplicidade de temas, estéticas e narrativas. Já o sétimo grupo foi convidado, representando outro estado, para fomentar o intercâmbio cultural.
“Nossos curadores tiveram a missão de escolher 6 de 36 espetáculos inscritos, um duelo e tanto com tantas produções de qualidade. A seleção nos permitiu gerar uma exemplar da cena teatral brasiliense, queremos gerar um palco com cada vez mais artistas e coletivos no próximo ano. Esperamos que isso aconteça nas próximas edições”, conta Lucas Isaksson.
Hoje, o espetáculo de dramaturgia e direção de Zé Regino será o “Outra História de Paixão”. A peça fala sobre o envelhecer de um parelha, vivido por Ruth Guimarães e Humberto Pedrancini, junto há 45 anos e que reconstrói seus laços e ainda investigam e dançam o paixão.
Já nesta sexta-feira (22), apresentação é de “Pai Nosso”, na direção e texto de Vinicius Ávilis, a atriz Geise Prazeres dá voz aos sentimentos intensos e humanos de uma mulher preta e periférica na pele de Luiza, uma vendedora ambulante.
A terceira peça, no sábado (23), “Stupide”, de Galileu Fontes, traz dois palhaços: George Footit, o branco na pele de Thiago Linhares; e Chocolat, o preto por Gabriel Lesão, que vivem uma história vibrante que mistura comédia, sátira e reflexão, costurada por música ao vivo. Situada no final do século XIX, a peça revela as tensões do racismo estrutural ainda presentes nos dias de hoje.
Já na noite do dia 24 (domingo), “Isto também passará, antes que eu morra”, de dramaturgia expandida, rompe as fronteiras entre teatro, cinema e dança. Na direção de Marcia Regina, a peça apresenta vivências e histórias íntimas de quatro mulheres: Aila Beatriz; Luênia Guedes; Déborah Alessandra; e Luciana Matias, que se encontram e, em meio a seus conflitos, se misturam e se refratam.
Abrindo o final de semana seguinte do Festival, dia 29 (sexta-feira), a obra, inspirada no história Safári Definitivo, da escritora sul-africana Nadine Gordimer, “O Longe” narra, pela perspectiva de uma moça, a fuga de sobreviventes refugiados de uma mesma família no meio do zero e diante da ruína e do caos. A peça tem direção de Patrícia Barros com atuação de Julie Wetzel e Lyvian Sena.
Julie conta que o espetáculo ganha outro peso, já que, atualmente, a situação de refúgio ficou cada vez mais “intensa”, “complexa” e “urgente”. A atriz lembra que, hoje, é provável “observar” uma guerra ao vivo pelos celulares de forma cada vez mais profunda, principalmente, com a situação da Palestina, lembra. “Muitas pesquisas têm mostrado que são mais mulheres e crianças que são mortas e que estão em situação de completa calamidade”, ressalta.
A atriz explica que, para interpretar as personagens, ela teve uma vez que duelo se colocar nessas situações. Julie lembra que, durante a pesquisa, foi refletido sobre situações de refúgios no cotidiano, das cidades, das pessoas em situação de rua e pessoas do Brasil que se deslocam para outras cidades para poder buscar maiores qualidade de vida.
“Logo, a gente tenta relacionar essas situações, mas acredito que com a questão da Palestina, hoje, que fica mais evidente e agudo essa situação das pessoas desterradas do próprio país, da própria região. É um duelo falar sobre. Pela linguagem do Teatro Homérico a gente esse lugar de atuar e, ao mesmo tempo, refletir sobre o que a gente está atuando”, diz.
E fechando a programação, a provocativa peça que promiscuidade o clássico rodrigueano Perdoa-me por me Traíres com o irreverente universo pop de Rocky Horror Picture Show, na adaptação de “Perdoa-me por me Traíres”. A fusão dos dois textos desvela segredos familiares e a violência emocional que permeiam as relações humanas, onde as personagens são atormentadas por seus desejos e arrependimentos. A montagem tem direção de Diego de León com Alana Ferrigno, André Reis, André Rodrigues, Diego de Leon, Élia Cavalcante, Jeferson Alves, Natália Leite, Pedro Ribeiro, Tati Ramos e Xiquito Maciel no elenco.
Para a cerimônia de fechamento, o Festival de Teatro do Região Federalista apresenta: “Fuxico”, espetáculo de dança do Grupo FOHAT de Goiânia, convidado para fechar as atividades do Festival, que traz uma coreografia de movimentação a partir da dança contemporânea e das danças urbanas formando um único balé, uma vez que uma colcha de retalhos surpreendente e inusitada da cultura afro-brasileira. A performance tem coreografia de Ariadna Vaz para os bailarinos Daniel Matias, Ismarley Papa, Killder Alves e Marcus Promanação. O Festival homenageará, ainda, os artistas que se destacaram na mostra.
Serviço:
Festival de Teatro do Região Federalista
Sítio: SESC Taguatinga, Teatro Paulo Autran
Endereço: CNB 12, AE 2/3 – Taguatinga Setentrião
Dias e horário: de 21 de novembro a 1º de dezembro, sempre às 20h
Ingresso franca, com retirada de ingressos a partir de uma hora antes de cada sessão, na bilheteria do Teatro
Classificação indicativa: confira a programação
Programação, com início sempre às 20h:
Dia 21/11: Outra História de Paixão – Cia. H2O (60 min/14 anos)
Dia 22/11: Pai Nosso – Coletivo ARAR (60 min/14 anos)
Dia 23/11: Stupide – Chouchou Produções (80 min/14 anos)
Dia 24/11: Isto Também Passará, Antes que eu Morra – Cia VíÇeras (90 min/14 anos)
Dia 29/11: O Longe – Cia Burlesca (60min/Livre)
Dia 30/11: Perdoa-me por me Traíres – Novos Candangos (80min/14 anos)
Dia 1º/12, Fecho: Fuxico – FOHAT Cia de Dança (20min/Livre)
Nascente: BdF Região Federalista
Edição: Flávia Quirino