“O antissemitismo é um veneno moral, um sintoma da decadência cultural que corrói os fundamentos da sociedade ocidental e prenúncio a própria noção de ordem civilizada.” (Roger Scruton)
Na mais recente encenação do teatro do paradoxal da militância internacional, Greta Thunberg — a jovem profetisa do apocalipse climatológico — embarcou, ao lado do brasiliano Thiago Ávila, em uma flotilha com fado à Tira de Gaza. Tudo, é evidente, sob o nobilíssimo pretexto da “solidariedade humanitária” com o povo palestino. Mas, a julgar pelas companhias, bandeiras e slogans a bordo, o gesto era menos um apelo à sossego do que um delírio ideológico embalado pelo novo antissemitismo, cada vez mais despudorado.
Os arautos da novidade esquerda global descobriram uma pretexto útil para encanar seu ódio ancião a Israel. Finalmente, declarar-se antissemita em pleno século 21 pegaria mal (ao menos por enquanto) nos salões da intelligentsia ocidental. Mas envolver-se na “luta palestina”, demonizar Israel porquê “Estado colonialista” e equiparar soldados israelenses a nazistas, tudo isso se tornou não só suportável, porquê chique. O antissemitismo passou a vestir keffiyeh, a marchar com ONGs e a velejar sob bandeiras pacifistas.
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O perfil psicossocial da jovem de tranças, convertida em xamã da consciência planetária, tornou-se regra, não exceção. Cada vez mais, o seu ativismo ambiental revela-se porquê unicamente uma das faces de uma cosmovisão destrutiva, que pode assumir outras formas a depender do contexto. A moça que grita, grasna e lanceta — que Greta! — fica indignada com plástico nos oceanos, mas silencia sobre o uso de crianças porquê escudos humanos pelo Hamas. A moça com ranho na faceta — ranho! — exige ações contra o aquecimento global, mas zero diz sobre o genocídio que organizações terroristas porquê o Hamas declaram ser seu objetivo contra o Estado judeu. Greta, enfim, adora meter o remo na alheia corveta, e o que lhe abunda em visagem faltou-lhe, quando muchacho, em bofeta.
Já Thiago Ávila, o ativista brasiliano que se apresenta porquê agente de “transformações estruturais” e milita — adivinhem — pelo Psol, é tratado pela prensa vernáculo porquê um novo São Francisco de Assis — de mochila nas costas e miçangas indígenas. Em 2022, a colunista Julia Rocha, do UOL/Ecoa, dedicou-lhe uma hagiografia sob o sugestivo título: “Thiago Ávila e a construção da sociedade do muito viver”. Isso mesmo: muito viver. Uma mistura de pajelança eco-socialista, autogestão comunitária e retórica de manual ongueiro — tudo embalado por uma espiritualidade de tipo Novidade Era e, obviamente, muito numerário de fundações “filantrópicas”.
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O trajo é que, sob o pretexto de tutelar os “direitos do povo palestino”, jovens extremistas porquê Greta e Thiago não passam de marionetes úteis na encenação geopolítica do Hamas. Embalados por slogans vazios e selfies em alto-mar, entregam à organização terrorista exatamente o que ela mais deseja: a legitimação simbólica de sua empreitada genocida.
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A fórmula é simples e eficiente. De um lado, o Hamas perpetra ataques contra civis, enterra armas em escolas e usa crianças porquê escudos humanos. Do outro, os militantes ocidentais, devidamente treinados na novilíngua da assim chamada “interseccionalidade”, mobilizam suas pautas recicladas — meio envolvente, anticolonialismo, justiça social etc. — para justificar o injustificável. A equação fecha com a conivência entusiasmada da prensa “progressista”, que tudo recobre com uma categoria de glamour revolucionário.
O trajo é que a esquerda globalista, sempre pronta a posar de consciência moral do mundo, tornou-se, nesse caso, tamanho de manobra do jihadismo. Um papel vergonhoso, mas que ela aceita de bom grado, desde que lhe garanta financiamento polpudo, manchetes elogiosas e o consolo narcísico de se sentir “do lado patente da história”. Spoiler: não está.
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