Em outubro de 2006, um pouco inédito ocorreu na política baiana. Pela primeira vez, os eleitores da Bahia elegeram uma vez que governador um integrante do Partido dos Trabalhadores (PT). O vencedor da vez foi o hoje líder do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Senado, Jaques Wagner. Na ocasião, ele prometeu, conforme o jornal Folha de S.Paulo, derrotar o que havia de “mais procrastinado na política brasileira”.
Quase 20 anos depois, os dados mostram que a fala do petista não se cumpriu. Sob gestão de membros do PT desde 2007, a Bahia é destaque em dados negativos. O Estado nordestino é líder nos rankings de homicídios dolosos (quando há a intenção de matar), proporção de analfabetismo e nível de desemprego. Problemas que seguem ativos depois de dois mandatos de Wagner, outros dois de Rui Costa (atual ministro-chefe da Mansão Social) e um procuração — ainda em curso — de Jerônimo Rodrigues.
Na secção de homicídios dolosos, a liderança da Bahia se dá com folga. De contrato com o Sistema Vernáculo de Informações de Segurança Pública (Sinesp), o Estado fechou o primeiro quadrimestre de 2025 com 1,3 milénio vítimas. O Rio de Janeiro foi o segundo disposto no período, mas com 1,1 milénio vítimas. Roraima aparece na ponta inversa, com 35 homicídios dolosos de janeiro a abril deste ano.
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Os números parciais de 2025 não diferem dos anos anteriores. Desde o início da série histórica do Sinesp, em 2015, a Bahia só não ocupou a primeira colocação em 2017, quando teve 5,5 milénio homicídios dolosos (2º lugar), enquanto o Rio de Janeiro registrou 5,7 milénio.
Gráfico
Os altos índices de homicídios dolosos convergem com outro problema que as autoridades atribuem à Bahia: o progressão do transgressão organizado. De contrato com levantamento que o Ministério da Justiça e Segurança Pública divulgou em 2024, o Estado é o que mais concentra diferentes organizações criminosas, com 21 no totalidade, segundo o site do jornal Correio. O top quatro nesse sentido conta com Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Pernambuco, com 11, dez e sete, respectivamente.
A situação da criminalidade faz o Ministério Público da Bahia (MPBA) ir às ruas. Em 2024, por exemplo, o órgão deflagrou 75 operações contra o transgressão organizado.
“As 75 operações também resultaram em 67 prisões, 350 mandados de procura e inquietação cumpridos e R$ 240 milénio em espécie apreendidos”, afirma o órgão, conforme nota solene. “Os mais de R$ 2 bilhões foram bloqueados pela Justiça a pedido do MPBA. Os outros três pilares são a atuação contra os grupos de extermínio, ações especiais dentro do sistema prisional e enfrentamento às milícias (grupos armados que atuam em paralelo ao Estado, muitas vez formados por agentes ou ex-agentes policiais).”
Oposição ao PT tenta agir contra o transgressão organizado na Bahia
O problema da criminalidade fez a oposição ao governo do PT se movimentar na Plenário Legislativa da Bahia. Em maio, o deputado estadual Leandro de Jesus (PL) apresentou o projeto de lei que propõe a geração do Programa Estadual de Enfrentamento às Facções Criminosas. De contrato com o parlamentar, é necessário integrar serviços de inteligências de órgãos estaduais com federais.
“Nos últimos anos, a Bahia tem metafórico nos primeiros lugares nos índices nacionais de homicídios, tráfico de drogas, crimes contra o patrimônio e confrontos armados envolvendo grupos criminosos”, lamentou Jesus ao apresentar o projeto. “Esses dados evidenciam não unicamente a presença das facções no cotidiano urbano e rústico do Estado, mas também sua crescente influência sobre comunidades inteiras, afetando profundamente a segurança, a economia e o bem-estar da população baiana.”
Na Bahia, governador do PT combate arminhas de chuva
Enquanto o transgressão organizado avança na Bahia, o governador Jerônimo Rodrigues, do PT, demonstra ter outras prioridades. Em janeiro do ano pretérito, ele decretou a proibição do uso de “pistolas de chuva” em festas de rua. Pela rede social X, o petista fez questão de comemorar a decisão. A media virou meme e motivo de ironias e chacotas.
Zelo com os criminosos pic.twitter.com/ANBWFtGpK2
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— Samuel Chang (@samucachang) January 30, 2024
Jerônimo, todavia, também é capaz de criticar a atual situação da Bahia. Mas em vez de reclamar do transgressão organizado, ele demonstrou irritação com o que classificou uma vez que “provável excesso” da Polícia Militar na ação deflagrada em 4 de março em Herdade Coutos, bairro do subúrbio da capital Salvador. Na ocasião, 12 suspeitos de envolvimento com fações criminosas morreram.
Ex-prefeito de Salvador e pré-candidato a governador da Bahia, ACM Neto (União Brasil) é crítico ao trabalho de Jerônimo e do PT. Ao compartilhar, no término de abril, a informação de que o Primeiro Comando da Capital (PCC) havia feito contrato com outra partido criminosa atuante no Estado, ele registrou que o seu rival político se negou a responder a uma pergunta sobre medidas a serem tomadas em prol da segurança pública.
“Uma das facções mais cruéis [PCC] anuncia federação na Bahia, e o governador Jerônimo Rodrigues faz o que sabe fazer de melhor: fugir da responsabilidade”, afirmou ACM Neto. “Inacreditável.”
Povo iletrado e sem tarefa
A criminalidade não é, entretanto, o único problema a afetar a Bahia. O Estado apresenta o maior número inteiro de analfabetos — situação que se mantém há mais de 30 anos. Conforme o Recenseamento 2022, divulgado em 2024, mais de 1,4 milhão de baianos com 15 anos ou mais não sabem ler nem redigir. Em porcentual, a taxa de analfabetismo entre os baianos é inferir à dos outros oito Estados nordestinos.
“O analfabetismo na Região Nordeste (14,2%) continuou sendo o duplo da média vernáculo (7,0%) — em 2010, as taxas eram, respectivamente, de 19,1% e 9,6%”, observou a equipe do Instituto Brasílio de Geografia e Estatística (IBGE) ao vulgarizar os resultados do Recenseamento 2022. “As taxas de analfabetismo do Setentrião e do Nordeste tinham, em 2022, valores supra de 2% desde o primeiro grupo de idade. No Meio-Oeste, isso ocorreu a partir de 35 a 44 anos e para no Sul e Sudeste unicamente a partir de 45 a 54 anos.”
O mercado de trabalho é outro problema na Bahia. De contrato com o IBGE, o Estado fechou 2024 com a maior taxa de desemprego do país, 10,8%, em empate com Pernambuco. Em números absolutos, o indicador demostra que, no término do ano pretérito, muro de 1,5 milhão de baianos estavam desempregados. Para efeito de confrontação, a média vernáculo de desocupação foi de 6,6%. Mato Grosso, o Estado com menor porcentual de desemprego, registrou 2,6%.
A Bahia deu PT, de “perda totalidade”
Primeira colocação no número de homicídios dolosos, progressão de facções criminosas, proeminente proporção de analfabetismo e desemprego. Os dados mostram que a Bahia, Estado governado por petistas há quase duas décadas, faz o povo lembrar do outro significado costumeiramente usado para se referir à {sigla} PT, o de “perda totalidade”.
Leia também: “O PT e a praga”, reportagem de Silvio Navarro publicada na Edição 264 da Revista Oeste
E mais: “A esquerda está nua”, por J. R. Guzzo
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