Tisnado pela impopularidade, com índices de aprovação empurrados ladeira inferior e lá permanecendo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) parece que finalmente descobriu o quão grande é a sensação de instabilidade na população brasileira – e que esse não é um problema restrito somente ao eleitorado mais conservador. É o que afirma o jornal O Estado de S.Paulo em editorial desta segunda-feira, 24.
Para o veículo, a segurança pública é uma superfície na qual nem o governo, nem a esquerda, nem muito menos o PT têm o que mostrar. Recentemente, porém, durante evento no Ceará, em que protagonizou uma de suas muitas inaugurações palanqueiras, Lula afirmou que não permitirá que a “república de ladrões de celular comece a assustar as pessoas nas ruas deste país”.
“A retórica de vingador mascarado, própria de gibis de super-heróis, não orna muito nem com um presidente da República, que não tem entre suas atribuições cuidar da segurança dos cidadãos, nem com um integrante do PT, partido que não se preocupou de verdade com isso”, afirma o Estadão.
“Demais, a ‘república de ladrões de celular’ já é conhecida de todos os brasileiros que vivem nas grandes metrópoles. Logo, Lula chegou tarde ao debate.”
O jornal destaca que roubo e rapinagem de celulares são os crimes que mais preocupam os cidadãos quando questionados sobre violência urbana, crimes esses que ocorrem de forma democrática, afetando todas as classes sociais. Em alguns casos, uma vez que o de São Paulo, há também um notável incremento nos índices de latrocínio (roubo seguido de morte).
“Já faz tempo que o roubo e o rapinagem de celulares resultavam somente em prejuízo financeiro”, diz.
“Especialistas lembram que os aparelhos viraram manadeira de devassa na vida da vítima. Enquanto esta perde um patrimônio de valor e o seu sigilo bancário, bandidos acessam dados pessoais e podem realizar movimentações financeiras e realizar compras com cartões cadastrados.”
“Tudo isso amplifica a sensação de instabilidade”, acrescenta. “Além de São Paulo, números crescentes são registrados em capitais uma vez que Salvador e Rio de Janeiro.”
Lula descobriu o que sucessivas pesquisas já apontavam desde o ano pretérito: a maioria dos brasileiros vê piora na segurança pública. Em março de 2024, 79% dos entrevistados em enquete da Quaest sentiam que a violência no Brasil havia piorado nos 12 meses anteriores.
O Datafolha também registrou, ao longo daquele ano, a volta da segurança pública ao topo das preocupações nas capitais.
“Não se viu reação governamental significativa, somente uma tentativa tímida do ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, de transmitir qualquer movimento na superfície”, avalia o Estadão. “Até cá, deu no que deu: em zero.”
Agora há registros na prensa descrevendo o esforço de auxiliares do presidente para convencer o director de que, assim uma vez que a inflação, a segurança pública é um problema que também prejudica a imagem do seu governo, ainda que seja atribuição dos Estados.
“Uma vez que o único problema que Lula de trajo conhece é a sua popularidade (e a próxima eleição à vista), ele resolveu agir – ao seu estilo: com bravatas e campanha publicitária”, afirma o jornal. “No mesmo tribuna no Ceará, o presidente disse que ‘lugar de bandido não é na rua assaltando, assustando e matando as pessoas’, numa fala calculada para tentar convencer o eleitorado de que pode enfrentar a direita nesse terreno.”
“Além do exposição, o governo também promete, ora vejam, mais uma campanha, provisoriamente focada no Celular Seguro, aplicativo do Ministério da Justiça que ajuda a bloquear e localizar celulares perdidos ou roubados”, acrescenta.
Ao jornal O Mundo, o deputado Jilmar Tatto, secretário pátrio de Notícia do PT, escancarou a estratégia: “O PT até agora não achou embocadura para esse tema, mas o governo, depois de muitos debates, não está mais tendo essa confusão”, disse. “Bandido tem que ser julgado e ir para prisão, rosto que rouba tem que ser julgado e remunerar pelo que fez, sendo pobre ou rico. Essa é a mudança conceitual e de comportamento do ponto de vista de uma vez que tratar o tema e a linguagem.”
“Muito, antes tarde do que nunca: para um partido que sempre atribuiu o transgressão às ‘injustiças sociais’, invocar bandido de bandido é um progresso e tanto”, conclui o Estadão.
https://www.jornalbrasilonline.com.br/2025/03/lula-descobre-que-existem-bandidos-no.html/Manadeira/Créditos -> JORNAL BRASIL ONLINE