Na manhã deste domingo (3), o ex-Ministro de Minas e Robustez na gestão de Jair Bolsonaro (PL) Adolfo Sachsida publicou um texto com uma semelhança do contexto brasiliano atual, de excessos por segmento do Judiciário – em peculiar do Supremo Tribunal Federalista (STF) – ao cenário da ditadura militar de 1964, retratado pelo filme Ainda Estou Cá.
O drama, que na noite deste domingo (2) venceu o Oscar de Melhor Filme Internacional, conta a história da família Paiva, do qual patriarca (o ex-deputado Rubens Paiva) foi recluso e posteriormente desapareceu durante o regime militar brasiliano.
Em seu texto, Adolfo Sachsida trouxe uma série de exemplos de decisões polêmicas e excessivas do STF, sobretudo em relação aos presos pelos protestos de 8 de janeiro de 2023, correlacionando-as a uma novidade ditadura em treino no país.
Um dos casos ilustrados é o da cabeleireira Debora Rodrigues dos Santos, que está presa há mais de dois anos por redigir, com batom, a frase “Perdeu, mané” na Estátua “A Justiça” durante os atos de 8 de janeiro. O ministro Alexandre de Moraes já negou uma série de pedidos de liberdade apresentados pela resguardo de Débora, que possui dois filhos pequenos.
Outro caso é o do morador de rua Jeferson Figueiredo, recluso no dia seguintes aos protestos. Mesmo sem provas de crimes, ele ficou recluso por vários meses. Em testemunho, Figueiredo disse que foi até o acampamento em frente ao QG do Tropa em procura de comida.
Sachsida também cita o caso de Filipe Martins, ex-assessor de Bolsonaro, foi recluso preventivamente em 8 de fevereiro de 2024. Um dos pontos centrais que baseou a ordem de prisão, expedida por Moraes, foi a alegado de que Martins teria viajado aos Estados Unidos em 30 de dezembro de 2022, acompanhando Bolsonaro, sem registro solene de saída do país, o que indicaria risco de fuga. No entanto, evidências posteriores, porquê registros de geolocalização de seu celular e dados fornecidos pela Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA, confirmaram que a última ingresso de Martins nos EUA ocorreu em setembro de 2022, e que ele estava no Brasil no período mencionado.
Leia na íntegra o texto do ex-ministro de Bolsonaro:
Me perguntaram se assisti Ainda Estou Cá. Minha resposta foi direta:
Sim, infelizmente, tenho observado a esse incidente há mais de um ano.
Eu sou a viúva de Clezao, recluso injustamente e morto na Papuda. Eu ainda estou cá.
Eu sou Débora, cabeleireira e mãe de dois filhos, que escreveu “Perdeu, Mané” com batom em uma estátua e fui condenada a 17 anos de prisão. Eu ainda estou cá.
Eu sou o vendedor de algodão gulodice, que estava na Esplanada dos Ministérios trabalhando no dia 8 de janeiro e fui recluso por ilusão. Eu ainda estou cá.
Eu sou o morador de rua que pedia comida e também fui recluso injustamente. Eu ainda estou cá.
Eu sou o autista que trabalha em um lixão e que, por estar presente no dia 8 de janeiro, sou obrigado a usar tornozeleira eletrônica. Eu ainda estou cá.
Eu sou Filipe Martins, recluso injustamente por seis meses por uma viagem que nunca fiz (e que, mesmo se tivesse feito, não seria delito). Eu ainda estou cá.
Eu sou a mãe de seis filhos e esposa de um caminhoneiro que viajou a Brasília para entregar mercadorias. Enquanto esperava o caminhão ser repleto, meu marido foi à Esplanada e hoje está sentenciado a mais de 15 anos de cárcere. Eu ainda estou cá.
Eu sou uma moçoila de 3 anos. Eu sou um menino de 6. Somos crianças órfãs de pais vivos. Nossos pais nunca pegaram em armas, nunca cometeram delito qualquer, mas hoje estão condenados a mais de 15 anos de prisão. Nós ainda estamos cá.
Eu sou um brasiliano geral, que vê a classe artística e os jornalistas serem TIGRÃO com uma ditadura que acabou há 40 anos, mas TCHUTCHUCA diante dos desmandos que acontecem hoje no Brasil. Eu ainda estou cá.
Eu sou um jurisconsulto, chocado com o silêncio ensurdecedor da OAB diante de tantos absurdos jurídicos, condenações e penas desproporcionais. Eu ainda estou cá.
Eu sou um brasiliano geral, que hoje tem pavor de redigir um texto na internet criticando uma mando pública, temendo ser recluso por crimes que não existem.
https://www.jornalbrasilonline.com.br/2025/03/ex-ministro-de-bolsonaro-usa-o-filme.html/Manancial/Créditos -> JORNAL BRASIL ONLINE