A empresária Luiza Trajano, do Magazine Luiza, pediu ao presidente do Banco Médio, Gabriel Galípolo, que não comunique novos aumentos na taxa básica de juros, a Selic.
“Eu vou pedir pra ele não expedir mais que vai ter aumentos de juros, porque aí já atrapalha tudo desde o início”, disse Trajano durante um encontro entre o director de política monetária e empresários na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) nesta sexta-feira, 14. O pedido, em tom instintivo e muito humorado, provocou risadas dos presentes.
Durante o encontro, Gabriel Galípolo buscou proteger o papel técnico do Banco Médio, comentou o cenário internacional e os dados da economia brasileira. Em seguida, foi cândido para comentários de empresários.
Trajano não estava sozinha
Outros empresários queixaram-se do patamar dos juros. O primeiro a falar e a criticar foi Eugênio Staub, possuinte da Gradiente. “O segmento industrial declinou e não tem perspectiva de uma reação do mercado a limitado prazo por diversas razões, e uma delas é dispêndio financeiro. Não é provável investir em indústria a uma taxa real de 8, 10 ou mais por cento.”
Staub elogiou o trabalho de Galípolo, porém disse confiar que “problemas estruturais” necessitam de um “pacto pátrio” para serem resolvidos e alavancarem novamente a indústria.
Trajano afirmou concordar com Staub e comentou o impacto dos juros no seu setor de atuação. “O varejo é o primeiro que sofre e o primeiro que demanda. A pequena e média empresa não aguenta mais viver com isso. Não tem exigência, e é ela que gera ofício”, disse. “Essa forma não está dando notório. A gente tem que pensar fora da caixa. Nós temos que trespassar do diagnóstico e ir pra ação, se não vamos ter pra sempre o Brasil do porvir.”
Galípolo defende BC
Em sua fala de fechamento, Galípolo não respondeu diretamente às críticas, porém defendeu as decisões da autonomia uma vez que importantes para combater a inflação. “A resguardo da moeda é o procuração do Banco Médio e é um procuração que o Banco Médio não vai se desviar”, disse.
Assim uma vez que Staub, o presidente do BC também citou “problemas estruturais” e disse ser necessário buscar soluções para além da política monetária. “Tenho certeza que todo mundo tem o mesmo objetivo e o diálogo, a troca de ideias e ouvisempre é muito importante para que a gente possa fazer essa construção”, concluiu.