A Organização das Nações Unidas (ONU) reagiu com preocupação à decisão de Israel de se retirar do Parecer de Direitos Humanos (CDHNU). A relatora privativo da ONU para os territórios palestinos ocupados, Francesca Albanese, classificou a medida uma vez que “extremamente grave”. A saída foi anunciada pelo chanceler israelense Gideon Sa’ar na quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025, dois dias em seguida os Estados Unidos tomarem decisão semelhante. Israel alegou “viés institucional” do parecer, acusando-o de perseguir o país de forma desproporcional enquanto ignora violações de direitos humanos cometidas por outros membros. A decisão ocorreu em seguida reunião entre o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, na Moradia Branca.
Contexto histórico e críticas ao Parecer
O Parecer de Direitos Humanos da ONU foi criado em 2006 com o objetivo de promover a sossego e investigar violações de direitos humanos em todo o mundo. No entanto, desde sua instalação, o órgão tem sido meta de críticas por segmento de Israel e dos Estados Unidos, que o acusam de ser tendencioso e anti-Israel. Nos últimos anos, o parecer emitiu diversas resoluções condenando ações israelenses na Tira de Gaza, incluindo alegações de crimes de guerra e genocídio. Israel nega as acusações e afirma que suas ações são de autodefesa. A retirada dos EUA e de Israel, ambos observadores do parecer, reflete uma crescente suspeição em relação ao multilateralismo e ao papel da ONU em questões de direitos humanos.
Impactos e desdobramentos da decisão
A saída de Israel do Parecer de Direitos Humanos pode ter implicações significativas para a geopolítica da região. Francesca Albanese expressou preocupação com o porvir dos palestinos, principalmente na Cisjordânia, onde a presença israelense tem sido meta de críticas internacionais. Aliás, a suspensão do financiamento dos EUA à Filial das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) pode exacerbar a crise humanitária na Tira de Gaza. A UNRWA é a principal fornecedora de ajuda humanitária para a população sítio, e a falta de recursos pode deixar milhares de pessoas em situação de vulnerabilidade. A decisão também reforça a política de alinhamento entre os EUA e Israel, com Trump priorizando a agenda “América primeiro” e o esteio incondicional a Tel Aviv.
Perspectivas futuras e desfecho
A retirada de Israel e dos EUA do Parecer de Direitos Humanos da ONU marca um novo capítulo nas relações internacionais, destacando a tensão entre o multilateralismo e os interesses nacionais. Enquanto Israel afirma que continuará comprometido com os direitos humanos por meio de outros mecanismos, a ONU alerta para o risco de prostração do sistema global de proteção aos direitos fundamentais. A decisão também reflete a polarização em torno do conflito israelense-palestino, que continua a ser um dos temas mais sensível da agenda internacional. O porvir do Parecer de Direitos Humanos e sua capacidade de atuar de forma justo permanecem incertos, principalmente diante da crescente suspeição de alguns de seus principais críticos.